Sexta, 24 de maio de 2019


(At 15,22-31; Sl 56[57]; Jo 15,12-17) 
5ª Semana da Páscoa.

“Já não vos chamo servo, pois o servo não sabe o que faz o seu senhor.
Eu vos chamo amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi do meu Pai” Jo 15,15.

“Jesus entende o amor como um amor entre amigos. Não um amor que vem de cima, é um amor que vê no outro um igual, é um amor entre amigos. E o auge desse amor amical é a morte de Jesus pelos amigos que somos nós. ‘Ninguém tem maior amor do que aquele que se despoja da vida por aqueles a quem ama’ (15,13). O amor do amigo é, tanto para os judeus quanto para os gregos, o maior bem e o cumprimento de seu desejo mais profundo. Jesus chama os discípulos de amigos. Eles já não são servos que não sabem o que o senhor faz e que não têm acesso ao coração do seu amo. O servo não entende o seu senhor, ele está sempre no escuro, ‘e por isso vive num estado de medo’ (BULTMANN, 1950, p. 418). Os discípulos são amigos amados incondicionalmente por Jesus. Nessa imagem da amizade, João descreve o mistério da nova relação de Deus com nós homens, que se tornou realidade por Jesus. Somos amigos de Deus. Somos amigos de Jesus. O amor amical é pura dádiva. Não nos sentimos mal em vista da obrigação de retribuí-lo. Ele simplesmente está aí. Quando passamos a ser amigos, o amor flui espontaneamente. Na imagem do amigo, Jesus nos mostra a nossa dignidade. Estamos na mesma altura dele. Tornamo-nos íntimos. Ele se abriu conosco. Revelou-nos tudo o que ouviu do Pai. Estamos a par de todos os segredos desse amigo divino. A morte de Jesus não deve causar remorsos, como se fôssemos culpados pela morte dele por causa dos nossos pecados. Pelo contrário, na morte, Jesus está especialmente perto de nós, como nosso amigo. É nesse momento que é selada a nossa amizade. Podemos experimentar como somos importantes para Jesus, a ponto de ele entregar a sua vida por nós” (Anselm Grun –Jesus: porta para a vida – Loyola). 

Pe. João Bosco Vieira Leite