(At 13,44-52; Sl 97[98]; Jo 14,7-14)
4ª Semana da Páscoa.
“... e o que pedirdes
em meu nome, eu o realizarei, a fim de que o Pai seja glorificado no
Filho” Jo 14,13.
“Jesus está
concedendo a seus discípulos uma carta branca: ‘O que pedirdes em meu nome eu o
farei”. Carta branca semelhante a essa também gostaríamos de receber e com ela
em mãos já sonhamos com saldos bancários extensos, iates, carros potentes,
apartamentos de luxo de frente para o mar e, por que não dizer, mulheres e mais
mulheres, uma mais linda que a outra. Carta branca, não é? O nosso velho homem
não é bobo, nem descansa. É perspicaz e aproveita qualquer oportunidade para se
dar bem. Por isso, mesmo vendo que esse projeto acima não iria dar certo,
lampejos dele passam em nossa mente. E é essa a razão de tantas pessoas
poderosas caírem na tentação de torna-lo realidade. Alguns até oram sobre o
dinheiro arrecadado em propinas como se Deus rendesse à corrupção. Mas a carta
branca é dada a discípulos de Cristo quando Ele já pré-vivenciava os momentos
da Sexta-feira Santa. Aqui não se tratava de um carpem diem satânico. Aqui se
tratava dos últimos instantes na terra do Filho de Deus, daquele que através da
sua morte e ressurreição iria redimir todo o mundo. E ela é dada com um
objetivo superelevado: ‘[...] para que o Pai seja glorificado no Filho’.
Sabemos que essa glorificação não tinha nada de fausto nem de razoavelmente
agradável. Muito pelo contrário. Todos nós fugiríamos dela porque Ele significa
apenas angústia, sofrimento, abandono do próprio Deus e morte. Era essa a
glorificação do Filho da qual o próprio Deus Pai iria participar, se é que já
não estava participando. Em consequência disso, a carta branca recebida pelos
discípulos (e por nós também) é uma carta branca dirigida para nela derramarmos
o sangue das nossas orações a fim de que o Pai seja glorificado no Filho e nós
todos nos glorifiquemos neles. – Senhor Deus, estamos sempre querendo a
glória do mundo, glória passageira e muitas vezes contrária à tua vontade.
Perdoa-nos. Ensina-nos a tua glória, glória que passa pela cruz como um fio
vermelho que amarra todos os teus filhos. Amém” (Martinho
Lutero Hoffmann – Meditações para o dia a dia [2017] –
Vozes).
Pe. João Bosco Vieira Leite