Sábado, 18 de maio de 2019


(At 13,44-52; Sl 97[98]; Jo 14,7-14) 
4ª Semana da Páscoa.

“... e o que pedirdes em meu nome, eu o realizarei, a fim de que o Pai seja glorificado no Filho” Jo 14,13.

“Jesus está concedendo a seus discípulos uma carta branca: ‘O que pedirdes em meu nome eu o farei”. Carta branca semelhante a essa também gostaríamos de receber e com ela em mãos já sonhamos com saldos bancários extensos, iates, carros potentes, apartamentos de luxo de frente para o mar e, por que não dizer, mulheres e mais mulheres, uma mais linda que a outra. Carta branca, não é? O nosso velho homem não é bobo, nem descansa. É perspicaz e aproveita qualquer oportunidade para se dar bem. Por isso, mesmo vendo que esse projeto acima não iria dar certo, lampejos dele passam em nossa mente. E é essa a razão de tantas pessoas poderosas caírem na tentação de torna-lo realidade. Alguns até oram sobre o dinheiro arrecadado em propinas como se Deus rendesse à corrupção. Mas a carta branca é dada a discípulos de Cristo quando Ele já pré-vivenciava os momentos da Sexta-feira Santa. Aqui não se tratava de um carpem diem satânico. Aqui se tratava dos últimos instantes na terra do Filho de Deus, daquele que através da sua morte e ressurreição iria redimir todo o mundo. E ela é dada com um objetivo superelevado: ‘[...] para que o Pai seja glorificado no Filho’. Sabemos que essa glorificação não tinha nada de fausto nem de razoavelmente agradável. Muito pelo contrário. Todos nós fugiríamos dela porque Ele significa apenas angústia, sofrimento, abandono do próprio Deus e morte. Era essa a glorificação do Filho da qual o próprio Deus Pai iria participar, se é que já não estava participando. Em consequência disso, a carta branca recebida pelos discípulos (e por nós também) é uma carta branca dirigida para nela derramarmos o sangue das nossas orações a fim de que o Pai seja glorificado no Filho e nós todos nos glorifiquemos neles. – Senhor Deus, estamos sempre querendo a glória do mundo, glória passageira e muitas vezes contrária à tua vontade. Perdoa-nos. Ensina-nos a tua glória, glória que passa pela cruz como um fio vermelho que amarra todos os teus filhos. Amém”   (Martinho Lutero Hoffmann – Meditações para o dia a dia [2017] – Vozes). 

Pe. João Bosco Vieira Leite