(Mq 7,14-15.18-20; Sl 84[85]; Mt 12,46-50) 16ª Semana do Tempo Comum.
“E estendendo a mão para os discípulos ,
Jesus disse: ‘Eis minha mãe e meus irmãos’” Mt 12,49.
“Não
se fala aqui dos ‘irmãos’ de Jesus como filhos de Maria. Sabemos que os
acontecimentos não foram assim, porque Maria foi virgem antes, no parto e
depois do parto: é este um dos pontos de fé que a Igreja conservou zelosamente,
e nós não podemos deixar de alegrar-nos por esta prerrogativa de nossa Mãe
celestial que, como era destinada a ser Mãe de todos, Deus não quis que fosse a
mãe de ninguém em particular, mas Mãe de Jesus, que é quem nos dá a vida e quem
nos une com os novos laços da graça. O evangelho refere-se aos parentes
próximos de Jesus, por exemplo: primos, que em hebraico e em aramaico
chamavam-se também irmãos, visto que nessas línguas não existia outra palavra
para especificar esse grau de parentesco. Jesus, nesta passagem evangélica, nem
renega sua Mãe nem seus parentes, mas quer aproveitar a oportunidade, que lhe é
oferecida, de insistir em que sua missão era, antes de tudo, cumprir a vontade
do Pai celestial, e em que nós, os seguidores dele, devemos igualmente ter essa
mesma preocupação. Assim o Senhor inaugura uma nova família, ‘sua família
eclesial’ na qual os laços do parentesco carnal ficam pospostos aos do
parentesco espiritual; por isso Jesus, estendendo os braços para os discípulos,
exclamou: ‘Estes são meus irmãos e minha mãe...’, palavras que consagraram o
costume cristão de chamar-nos irmãos uns aos outros; isso deve estimular-nos a
viver intensamente a fraternidade cristã. Nós que formamos uma comunidade, ou
grupo de cristãos, estamos unidos pelos laços de parentesco espiritual, mas
estimável e em determinadas ocasiões mais estáveis do que os próprios laços do
parentesco carnal. Jesus fala da grande família cristã, unida entre si pelo
amor do Pai e pelo cumprimento de sua divina vontade; quer convencer-nos de que
todos devemos ter-nos como irmãos, tratar-nos e amar-nos como irmãos. Para
tranquilidade dos que sentem, no mais profundo da alma, o amor a Maria
Santíssima, não deve molestar-nos a afirmação que o Senhor faz com estas
palavras, visto que aquele que cumpre a vontade do Pai celestial é
verdadeiramente seu irmãos, sua irmã e sua mãe, ninguém é tão Mãe quanto Maria,
já que ninguém tal qual ela foi fidelíssima ‘serva do Senhor’, ninguém tal qual
ela disse ao Senhor, não só no momento da Encarnação, mas em cada momento da
vida: ‘Faça-se em mim segundo a tua palavra’, cumpra-se em mim a tua vontade” (Alfonso Milagro – O Evangelho
meditado para cada dia do ano – Ave-Maria).
Pe. João Bosco Vieira
Leite