Terça, 23 de julho de 2024

(Mq 7,14-15.18-20; Sl 84[85]; Mt 12,46-50) 16ª Semana do Tempo Comum.

“E estendendo a mão para os discípulos , Jesus disse: ‘Eis minha mãe e meus irmãos’” Mt 12,49.

“Não se fala aqui dos ‘irmãos’ de Jesus como filhos de Maria. Sabemos que os acontecimentos não foram assim, porque Maria foi virgem antes, no parto e depois do parto: é este um dos pontos de fé que a Igreja conservou zelosamente, e nós não podemos deixar de alegrar-nos por esta prerrogativa de nossa Mãe celestial que, como era destinada a ser Mãe de todos, Deus não quis que fosse a mãe de ninguém em particular, mas Mãe de Jesus, que é quem nos dá a vida e quem nos une com os novos laços da graça. O evangelho refere-se aos parentes próximos de Jesus, por exemplo: primos, que em hebraico e em aramaico chamavam-se também irmãos, visto que nessas línguas não existia outra palavra para especificar esse grau de parentesco. Jesus, nesta passagem evangélica, nem renega sua Mãe nem seus parentes, mas quer aproveitar a oportunidade, que lhe é oferecida, de insistir em que sua missão era, antes de tudo, cumprir a vontade do Pai celestial, e em que nós, os seguidores dele, devemos igualmente ter essa mesma preocupação. Assim o Senhor inaugura uma nova família, ‘sua família eclesial’ na qual os laços do parentesco carnal ficam pospostos aos do parentesco espiritual; por isso Jesus, estendendo os braços para os discípulos, exclamou: ‘Estes são meus irmãos e minha mãe...’, palavras que consagraram o costume cristão de chamar-nos irmãos uns aos outros; isso deve estimular-nos a viver intensamente a fraternidade cristã. Nós que formamos uma comunidade, ou grupo de cristãos, estamos unidos pelos laços de parentesco espiritual, mas estimável e em determinadas ocasiões mais estáveis do que os próprios laços do parentesco carnal. Jesus fala da grande família cristã, unida entre si pelo amor do Pai e pelo cumprimento de sua divina vontade; quer convencer-nos de que todos devemos ter-nos como irmãos, tratar-nos e amar-nos como irmãos. Para tranquilidade dos que sentem, no mais profundo da alma, o amor a Maria Santíssima, não deve molestar-nos a afirmação que o Senhor faz com estas palavras, visto que aquele que cumpre a vontade do Pai celestial é verdadeiramente seu irmãos, sua irmã e sua mãe, ninguém é tão Mãe quanto Maria, já que ninguém tal qual ela foi fidelíssima ‘serva do Senhor’, ninguém tal qual ela disse ao Senhor, não só no momento da Encarnação, mas em cada momento da vida: ‘Faça-se em mim segundo a tua palavra’, cumpra-se em mim a tua vontade” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave-Maria).

Pe. João Bosco Vieira Leite