Segunda, 08 de julho de 2024

(Os 2,16-18.21-22; Sl 144[145]; Mt 9,18-26) 14ª Semana do Tempo Comum.

“Jesus voltou-se e, ao vê-la, disse: ‘Coragem, filha! A tua fé te salvou’.

E a mulher ficou curada a partir daquele instante” Mt 9,22

“A mulher, da qual nos fala este evangelho, expressou sua humildade; não quis dar-se a conhecer, chamar a atenção, interromper o Mestre; preferiu passar despercebida. Não queiramos nós chamar a atenção em nosso apostolado, não cuidemos de converter-nos na ‘vedete’, que atraia para si todos os olhares. Desapareçamos nós, para que apareça antes, Cristo. Não nos preguemos a nós mesmos, preguemos a ele. Outra virtude dessa mulher doente foi a confiança no poder de Jesus. Julga que não é preciso que Jesus a toque, basta que ela o toque; nem é preciso que Jesus a veja, nem mesmo que saiba que está realizando um milagre; sabia que de modo natural saia dele um poder milagroso curativo. Não nos estará faltando maior confiança na bondade do Senhor? Não é que não devamos servir-nos dos meios humanos, mas sim que talvez atribuamos a esses meios maior eficácia do que aquela que lhes corresponde. Inclusive no trabalho por nossa própria perfeição espiritual; não pensemos que somos nós que podemos purificar-nos; nós devemos dispor-nos, mas é o Senhor quem verdadeiramente salva e liberta. Jesus quis colocar em evidências as virtudes daquela mulher e assim, conforme no narra São Marcos, pergunta: ‘Quem tocou minhas vestes?’ (Marcos 5,30). Os discípulos ficaram perplexos diante dessa pergunta e, tomando a palavra, Pedro disse-lhe: ‘Vês que a multidão te comprime e perguntas: Quem me tocou?’ (Marcos 5,31). Nós corremos ao Senhor com certa frequência e ainda com alguma insistência, mas com pouca fé. Recebemo-lo na comunhão talvez diariamente, oferecemos o santo sacrifício diariamente, mas talvez não nos detenhamos a fazer tudo isso com a devida calma e com o devido espírito de fé; por isso, apesar de tantas comunhões e de tantas celebrações eucarísticas, não conseguimos sair dos nossos defeitos, curar-nos de nossos males espirituais. Jesus quis dar testemunho público da fé daquela mulher, como também demonstrar que sua cura deveu-se principalmente à sua fé. Jesus quer dizer-nos agora que nos falta fé, maior espírito de fé em nossa vida cotidiana. Finalmente, na narração dos dois milagres deste evangelho, como sempre acontece ao longo do evangelho, aparece Jesus, agindo não precisamente como um santo taumaturgo, que pede a Deus e Deus o escuta; mas que aparece como quem tem poder próprio sobre todas as coisas e as muda por sua simples vontade; daí o tom imperativo, exigente e seco, que emprega, quando ordena a ressurreição de um morto ou a cura de um enfermo” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave-Maria).

Pe. João Bosco Vieira Leite