(Os 2,16-18.21-22; Sl 144[145]; Mt 9,18-26) 14ª Semana do Tempo Comum.
“Jesus voltou-se e, ao vê-la,
disse: ‘Coragem, filha! A tua fé te salvou’.
E a mulher ficou curada a partir
daquele instante” Mt 9,22
“A mulher, da qual nos fala este
evangelho, expressou sua humildade; não quis dar-se a conhecer, chamar a
atenção, interromper o Mestre; preferiu passar despercebida. Não queiramos nós
chamar a atenção em nosso apostolado, não cuidemos de converter-nos na
‘vedete’, que atraia para si todos os olhares. Desapareçamos nós, para que
apareça antes, Cristo. Não nos preguemos a nós mesmos, preguemos a ele. Outra
virtude dessa mulher doente foi a confiança no poder de Jesus. Julga que não é
preciso que Jesus a toque, basta que ela o toque; nem é preciso que Jesus a
veja, nem mesmo que saiba que está realizando um milagre; sabia que de modo
natural saia dele um poder milagroso curativo. Não nos estará faltando maior
confiança na bondade do Senhor? Não é que não devamos servir-nos dos meios
humanos, mas sim que talvez atribuamos a esses meios maior eficácia do que
aquela que lhes corresponde. Inclusive no trabalho por nossa própria perfeição
espiritual; não pensemos que somos nós que podemos purificar-nos; nós devemos
dispor-nos, mas é o Senhor quem verdadeiramente salva e liberta. Jesus quis
colocar em evidências as virtudes daquela mulher e assim, conforme no narra São
Marcos, pergunta: ‘Quem tocou minhas vestes?’ (Marcos 5,30). Os discípulos
ficaram perplexos diante dessa pergunta e, tomando a palavra, Pedro disse-lhe:
‘Vês que a multidão te comprime e perguntas: Quem me tocou?’ (Marcos 5,31). Nós
corremos ao Senhor com certa frequência e ainda com alguma insistência, mas com
pouca fé. Recebemo-lo na comunhão talvez diariamente, oferecemos o santo
sacrifício diariamente, mas talvez não nos detenhamos a fazer tudo isso com a
devida calma e com o devido espírito de fé; por isso, apesar de tantas comunhões
e de tantas celebrações eucarísticas, não conseguimos sair dos nossos defeitos,
curar-nos de nossos males espirituais. Jesus quis dar testemunho público da fé
daquela mulher, como também demonstrar que sua cura deveu-se principalmente à
sua fé. Jesus quer dizer-nos agora que nos falta fé, maior espírito de fé em
nossa vida cotidiana. Finalmente, na narração dos dois milagres deste
evangelho, como sempre acontece ao longo do evangelho, aparece Jesus, agindo
não precisamente como um santo taumaturgo, que pede a Deus e Deus o escuta; mas
que aparece como quem tem poder próprio sobre todas as coisas e as muda por sua
simples vontade; daí o tom imperativo, exigente e seco, que emprega, quando
ordena a ressurreição de um morto ou a cura de um enfermo” (Alfonso
Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano –
Ave-Maria).
Pe. João Bosco Vieira Leite