(Ez 2,2-5; Sl 122[123]; 2Cor 12,7-10; Mc 6,1-6)
1. Quando já se tornara popular
e famoso por seus milagres e ensinamentos, Jesus voltou, um dia, ao seu
vilarejo de origem, Nazaré e, como de costume, foi ensinar na Sinagoga. Era um
dia de sábado. Mas desta vez não há nenhum entusiasmo por parte da assembleia.
2. Sem mesmo escutá-lo e
julgá-lo em relação ao que pregava, as pessoas se colocam a fazer considerações
estranhas e se escandalizam com sua sabedoria e origem. Assim encontram um
obstáculo, pensando que o conheciam bem. E aí temos o amargo comentário de
Jesus.
3. Assim nasce um provérbio
popular: ninguém é profeta em sua pátria. Talvez seja algo similar ao nosso:
‘santo de casa não faz milagre’. Mas não é sobre isso que vamos nos reter.
Talvez devamos estar atentos para não cometer o mesmo erro dos nazarenos.
4. Cada vez que seu Evangelho é
anunciado, Ele está voltando à sua pátria, aos ouvidos que já O acolheram um
tempo, onde sua palavra encontrou morada no passado. Nazaré somos nós, é nossa
pátria, nossa cidade. É O Senhor que nos visita.
5. Marcos omite as palavras de
Jesus, que podemos encontrar em Lc 4,18-19. As coisas que Jesus elenca
constitui o conteúdo do jubileu, que segundo a lei Mosaica deveria ser
celebrado a cada cinquenta anos, um ano especial, de graça, reconciliação e de
perdão geral.
6. Assim estamos nos preparando
para o jubileu de 2025. O Papa Francisco quis que este ano de 2024 fosse
dedicado à oração, convidando toda a Igreja a um tempo de grande compromisso,
em preparação para a abertura da Porta Santa.
7. O ano jubilar é sempre uma
oportunidade especial para meditar sobre o grande dom da misericórdia divina
que sempre nos espera e sobre a importância da conversão interior, necessárias
para poder viver os dons espirituais oferecidos aos peregrinos durante o Ano
Santo.
8. É claro que o jubileu não se
limitará à cidade de Roma, mas estender-se-á como um anúncio da misericórdia de
Deus ao mundo inteiro, tornando-se uma grande oportunidade de evangelização.
Haverá toda uma programação nacional e local para vivermos o ano jubilar.
9. Como cristãos, somos
convidados a dar testemunho como autênticos “Peregrinos da Esperança” que
caminham em direção ao Senhor, que abre os braços do seu perdão, braços
misericordiosos estendidos também para os irmãos, que ainda esperam que ao
anúncio do Evangelho chegue até eles.
10. O convite do Papa é para que
intensifiquemos a oração como diálogo pessoal com Deus, redescobrindo o seu
grande valor e necessidade também na vida da Igreja e no mundo. Um convite que
deve levar-nos a refletir sobre a nossa fé, sobre o nosso compromisso com o
mundo de hoje.
11. Em sua catequese, o Papa por
várias vezes referiu que a oração é caminho para entrar em contato com a
verdade mais profunda de nós mesmos, onde a luz do próprio Deus está presente,
como ensinava Santo Agostinho. Rezar com perseverança transforma a pessoa, as
realidades que o rodeiam, mesmo onde o mal parece vencer.
12. Um convite a não deixarmos
passar sem que percebamos a graça que nos é oferecida. Como dizia Santo
Agostinho: “Tenho medo do Cristo que passa”. Que Ele passa e não O acolhamos
como fizeram os nazarenos naquele dia.
Pe. João Bosco Vieira Leite