Quinta, 04 de julho de 2024

(Am 7,10-17; Sl 18[19]; Mt 9,1-8) 13ª Semana do Tempo Comum.

“O Senhor chamou-me, quando eu também tangia o rebanho, e o Senhor me disse:

‘Vai profetizar para Israel, meu povo’” Am 7,15.

“É frequente no Antigo Testamento a narração em que um profeta relembra a sua hesitação perante o chamamento do Senhor. No caso de Amós, o relato coloca-se num contexto de perseguição, precisamente por causa da missão recebida, e soa como uma afirmação de autenticidade: não foi Amós que decidiu por sua conta dedicar-se ao ministério profético, ele que era um simples pastor de gado e cultivador de sicómoros, mas foi Deus que o constituiu profeta e enviou. [Compreender a Palavra:] A Palavra de Deus é incômoda, sobretudo quando toca nos interesses dos governantes, os quais pedem consensos e aplausos, manipulando as massas em favor das suas políticas. Pelo contrário, o verdadeiro profeta desempenha uma obra de consciencialização, colocando cada um diante da sua responsabilidade, proclamando verdades árduas, vistas como ameaças à vida tranquila. Inevitavelmente a verdade encontra-se com a mentira dos defensores do status quo: Amós é expulso do seu país de origem, de modo que a sua voz não possa já ser escutada nos centros do poder. Mas esta rejeição provoca a afirmação da qualidade profética das palavras e do agir de Amós; do lugar do seu dia-a-dia, dos cuidados dos seus animais, o Senhor tomou-o e constituiu-o, contra a sua vontade, profeta de desgraça devido ao pecado de Israel. Não existe auto vocação no povo de Israel; o chamamento vem de fora, e provoca objeções: ‘Quem sou eu?’; ‘Não sei falar’; ‘Envia um outro’; ‘Sou muito novo’ (Cf. Ex 3,11.13; 4,1.10; Jr 1,6-7)” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado [Tempo Comum – Semanas de I a XVII] – Paulus).

Pe. João Bosco Vieira Leite