(Is 1,10-17; Sl 49[50]; Mt 10,34—11,1) 15ª Semana do Tempo Comum.
“Não penseis que vim trazer a
paz à terra; não vim trazer a paz, mas sim a espada” Mt 10,34.
“Existem palavras de Jesus que
ressoam como vergastadas e estalam no ar das consciências adormecidas ou
acomodadas dos cristãos; frases que, mesmo prescindindo do contexto histórico e
do lugar onde foram pronunciadas, soam difíceis em sua interpretação, por serem
audazes e exigentes. Nenhuma palavra do Senhor deve ser interpretada isolada do
contexto geral, mas dentro da tônica dominante em seu evangelho. Jesus não
prega jamais a guerra contra o outro, a guerra que empunha a espada, o fuzil, a
metralhadora, a bomba, a inveja, a opressão, a injustiça. Nenhuma dessas armas
prega o Senhor, manda, sim, embainhar a espada: ‘Todos aqueles que usarem da
espada pela espada morrerão’ (Mateus 26,52); manda perdoar as ofensas: ‘até
setenta vezes sete’ (Mateus 18,22). A guerra que Jesus vem trazer é a guerra
contra nós mesmos, contra nossas más inclinações, contra nosso egoísmo, nossa
sensualidade, nosso orgulho, nossa preguiça e comodidade, nossa avareza, contra
tudo isso tão arraigado no mais profundo de nossa natureza pecadora. Estar em
guerra contra nós mesmos, para poder ser amáveis, justos e bondosos com os
outros. A doutrina evangélica não só provocará contradições da parte dos seus
inimigos, mas será ocasião de divisões até mesmo entre os próprios parentes;
não faltarão os que resistam a abandonar os vícios e a acomodar suas vidas aos
princípios evangélicos. Até mesmo os laços mais sagrados ficarão rompidos, ao
declararem-se uns a favor e outros contra Jesus Cristo. Cristo é: ‘o Príncipe
da Paz’ (Isaías 9,5). Veio estabelecer a paz no meio dos homens; assim o
anunciaram já os homens; assim o anunciaram os anjos sobre a gruta de Belém
(Lucas 2,14)” (Alfonso Milagro – O Evangelho
meditado para cada dia do ano – Ave-Maria).
Pe. João Bosco Vieira Leite