15º Domingo do Tempo Comum – Ano B

(Am 7,12-15; Sl 84[85]; Ef 1,3-14; Mc 6,7-13)*

1. Em nosso Evangelho, Jesus toma a inciativa de enviar os doze apóstolos em missão. Com efeito, o termo ‘apóstolo’ significa precisamente ‘enviado, mandado’. Mas a vocação dos mesmos realiza-se plenamente depois da Ressurreição de Cristo, mediante o dom do Espírito Santo no Pentecostes.

2. No entanto, é muito importante que desde o início Jesus queira comprometer os Doze em sua obra: trata-se de uma espécie de ‘estágio’ em vista da grande responsabilidade que os espera.

3. O fato de que Jesus chame alguns discípulos a colaborar diretamente para a sua missão, manifesta um aspecto do seu amor: ou seja, Ele não desdenha a ajuda que outros podem oferecer à sua obra; conhece os seus limites, as suas debilidades, mas não os despreza; aliás, confere-lhes dignidade de ser seus enviados.

4. Jesus envia-os dois a dois e dá-lhes as instruções que o Evangelista resume em poucas frases. A primeira diz respeito ao espírito de desapego: os apóstolos não devem viver apegados ao dinheiro e à comodidade.

5. Depois Jesus avisa os discípulos que nem sempre receberão um acolhimento favorável: às vezes serão rejeitados; aliás, poderão ser até perseguidos, como Amós na 1ª leitura. Ser fiel ao que Deus diz e não ao que as pessoas gostariam de ouvir. É este o permanente mandado da Igreja: a verdade e a justiça, mesmo que vá contra os aplausos e contra o poder humano.

6. Mas isto não os deve impressionar: eles devem falar em nome de Jesus e pregar o Reino de Deus, sem se preocupar em alcançar sucesso. Sucesso? O sucesso deixam-no a Deus. Devem seguir adiante.

7. O gesto de sacudir a poeira dos pés, exprime o desapego em dois sentidos: o desapego moral – como dizer: o anúncio vos foi comunicado, sois vós que o rejeitais – e o desapego material – não quisemos e não queremos nada para nós mesmos.

8. A outra indicação muito importante é que os Doze não podem contentar-se com pregar a conversão: segundo a instruções e o exemplo de Jesus, a pregação deve ser acompanhada da cura dos doentes. Cura corporal e espiritual dos doentes.

9. Fala das curas concretas das doenças, fala da expulsão de demônios, ou seja, da purificação da mente humana, da limpeza, limpeza dos olhos e da alma que são obscurecidos pelas ideologias e por isso não pode ver a Deus, não conseguem ver a verdade e a justiça.

10. A missão apostólica deve abranger sempre os dois aspectos de pregação da Palavra de Deus e de manifestação da sua bondade mediante gestos de caridade, de serviço e de dedicação.

11. O Senhor chama a todos, distribuindo vários dons para diversas tarefas na Igreja. Chama ao sacerdócio e à vida consagrada, e chama ao matrimônio e ao compromisso como leigos na própria Igreja e na sociedade. São caminhos complementares que se iluminam reciprocamente, que se enriquecem de forma mútua e, juntas, enriquecem a comunidade. Tenhamos essa compreensão e consciência de que somos também chamados e enviados.

* Com base em texto de Bento XVI.   

Pe. João Bosco Vieira Leite