Sábado, 13 de julho de 2024

(Is 6,1-8; Sl 92[93]; Mt 10,24-33) 14ª Semana do Tempo Comum.

“Ouvi a voz do Senhor, que dizia: ‘Quem enviarei? Quem irá por nós?’ Eu respondi: ‘Aqui estou! Envia-me’”

Is 6,8.

“A narração da vocação do profeta não está no início do Livro de Isaias (os primeiros cinco capítulos representam, à maneira de prefácio, uma espécie de resenha antológica dos temas da sua pregação), mas está situada somente no capítulo 6, no qual faz de introdução ao ‘Livro do Emanuel’ (caps. 7-12), ou seja, à secção do escrito de Isaias dedicado principalmente à relação do profeta com a vida pública, com a figura do rei. De fato, como afirma claramente a narração da vocação, só Deus é o ‘rei de Israel’ (v. 51), o rei absoluto. [Compreender a Palavra:] Em 740 a.C. o rei Ozias morreu de lepra, a doença impura por antonomásia, por ter arrogantemente violado a santidade divina, permitindo ao povo sacrificar o oferecer incenso a outros deuses (cf. 2Rs 15,5). Como que em contraposição à atitude do rei, Isaias tem uma visão em que são colocadas em evidência a transcendência e a absoluta majestade de Deus. perante a tremenda alteridade de JHWH, expressa pelo superlativo, ‘Santo, santo, santo’, isto é, ‘santíssimo’ (v. 3), pela atitude de reverência com a qual os serafins cobrem o rosto e o corpo na Sua presença, e pelo fumo que esconde o que é divino ao olhar, a reação do homem é o humilde reconhecimento do abismo de pecado que a separa do Senhor. A menção dos ‘lábios impuros’ (v. 5) indica a consciência, por parte de Isaias, da sua indignidade em participar na liturgia dos serafins. Mas Deus tapa o abismo purificando com fogo os lábios do profeta, mediante os serafins, seres de fogo (à letra: ‘os ardentes’). Agora o profeta, purificado, pode responder à pergunta divina e oferecer-se para ser enviado: ‘Eis-me aqui: podeis enviar-me’” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado [Tempo Comum – Semanas de I a XVII] – Paulus).

Pe. João Bosco Vieira Leite