(2Tm 4,10-17; Sl 144[145]; Lc 10,1-9) São Lucas, evangelista e missionário.
“Só Lucas está comigo. Toma contigo Marcos e
traze-o, porque me é útil para o ministério” 2Tm 4,11.
“Um escrito
do século II, que estudos recentes consideram historicamente verídico,
sintetiza do seguinte modo o perfil deste santo evangelista: ‘Lucas, um sírio
de Antioquia, médico de profissão, discípulo dos apóstolos, mais tarde seguiu
são Paulo até a confissão (martírio) deste. Serviu irrepreensivelmente ao
Senhor, jamais tomou mulher, nem teve filhos. Morreu aos 84 anos, na Boécia,
cheio do Espírito Santo’. Das notas de viagem, isto é, dos Atos dos Apóstolos,
no qual Lucas fala na primeira pessoa, aprendemos todas as notícias que a ele
dizem respeito, além de breves acenos nas cartas de são Paulo – o apóstolo ao
qual, mais do que qualquer outro, estava ligado por fraterna amizade.
‘Saúda-vos Lucas, médico amado’, lê-se na Carta aos Colossenses. A profissão de
médico pressupõe uma boa cultura. Realmente, em seus escritos se revela um
homem culto, com inclinações artísticas e bons dotes literários. Com são Paulo
realizou a segunda viagem missionária de Tróade a Filipos, por volta do ano 50.
Em Filipos deteve-se um par de anos para consolidar o trabalho do apóstolo,
após o qual voltou a Jerusalém. Foi de novo companheiro de viagem de são Paulo
e compartilhou com ele a prisão em Roma. Os cristãos orientais atribuem ao
‘médico pintor’, Lucas, numerosos quadros representando a Virgem. Em seu
evangelho, escrito em grego fluente e límpido, Lucas traça a biografia da
Virgem e fala da infância de Jesus. Revela-nos os íntimos segredos da
Anunciação, da Visitação e do Natal, fazendo-nos entender que conheceu
pessoalmente a Virgem, a ponto de alguns exegetas considerarem que tenha sido
Maria quem lhe transcreveu o Magnificat. É Lucas mesmo quem afirma ter feito
pesquisas e pedido informações sobre fatos relativos à vida de Jesus junto
àqueles que deles foram testemunhas. Só Maria podia ser testemunha da
Anunciação e dos fatos que se seguiram. Lucas conhecia os evangelhos de Mateus
e Marcos quando começou a escrever o seu, antes do ano 70. Julgava que ao
primeiro faltava uma certa ordem no desenvolvimento dos fatos e considerava o
segundo demais conciso. Como diligente estudioso, Lucas, depois de ter
documentado escrupulosamente as notícias da vida de Jesus ‘desde o início’,
quis narrá-la novamente de forma ordenada, de modo que os fatos e ensinamentos
progredissem ‘pari passu’ como a realidade. Deu prova da mesma agradável
fluência narrativa na redação dos Atos dos Apóstolos. Três cidades se ufanam de
conservar suas relíquias: Constantinopla, Pádua e Veneza” (Mario Sgarbosa – Os
santos e os beatos da Igreja do Ocidente e do Oriente –
Paulinas).
Pe.
João Bosco Vieira Leite