(Rm 4,1-8; Sl 31[32]; Lc 12,1-7) 28ª Semana do Tempo Comum.
“Com efeito, o que diz a Escritura? ‘Abraão creu em
Deus, e isso lhe foi creditado como justiça’” Rm 4,3.
“No
capítulo 4 da Carta aos Romanos, Paulo dá início a uma argumentação bíblica
toda centrada na figura de Abraão, na qual pretende demonstrar que o seu
‘evangelho de justificação’ não é uma adulteração da Escritura, mas pelo
contrário, a sua confirmação (Rm 3,21b, ‘justiça de Deus atestada pela Lei e
pelos profetas’). Abraão é por excelência o modelo do crente que, abrindo-se à
fé, recebeu o dom da justiça. [Compreender a Palavra:] Abraão,
‘antepassado’ segundo a carne (v. 1) de todo o povo hebreu, é uma figura
emblemática. Pois bem, precisamente a sua história revela que a atuação de Deus
foi sempre guiada por aquela gratuidade que se manifestou de modo maravilhoso
na figura de Cristo. Com efeito, Abraão foi chamado a acreditar na promessa
divina de ter uma descendência, mesmo quando ela parecia humanamente absurda
(cf. Gn 15,6 citado no v. 3). A atitude do Patriarca manifesta sinais análogos à
do suplicante do Sl 31,1-2 (citado nos vv. 7-8), o qual confessa a
possibilidade do perdão do seu pecado. Em ambos os casos, de fato, encontramos
o exemplo de crentes que não confiaram nas próprias forças (Abraão e a sua
esposa eram velhos; o pecador está em pecado), mas foram perdoados
completamente pela ação divina. A ‘fé’ consiste em confiar totalmente, em
reconhecer a insuficiência das próprias obras diante do Senhor para abrir-se ao
seu agir em nós” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado [Tempo
Comum – Vol. 2] – Paulus).
Pe. João
Bosco Vieira Leite