Sexta, 20 de outubro de 2023

(Rm 4,1-8; Sl 31[32]; Lc 12,1-7) 28ª Semana do Tempo Comum.

“Com efeito, o que diz a Escritura? ‘Abraão creu em Deus, e isso lhe foi creditado como justiça’” Rm 4,3.

“No capítulo 4 da Carta aos Romanos, Paulo dá início a uma argumentação bíblica toda centrada na figura de Abraão, na qual pretende demonstrar que o seu ‘evangelho de justificação’ não é uma adulteração da Escritura, mas pelo contrário, a sua confirmação (Rm 3,21b, ‘justiça de Deus atestada pela Lei e pelos profetas’). Abraão é por excelência o modelo do crente que, abrindo-se à fé, recebeu o dom da justiça. [Compreender a Palavra:] Abraão, ‘antepassado’ segundo a carne (v. 1) de todo o povo hebreu, é uma figura emblemática. Pois bem, precisamente a sua história revela que a atuação de Deus foi sempre guiada por aquela gratuidade que se manifestou de modo maravilhoso na figura de Cristo. Com efeito, Abraão foi chamado a acreditar na promessa divina de ter uma descendência, mesmo quando ela parecia humanamente absurda (cf. Gn 15,6 citado no v. 3). A atitude do Patriarca manifesta sinais análogos à do suplicante do Sl 31,1-2 (citado nos vv. 7-8), o qual confessa a possibilidade do perdão do seu pecado. Em ambos os casos, de fato, encontramos o exemplo de crentes que não confiaram nas próprias forças (Abraão e a sua esposa eram velhos; o pecador está em pecado), mas foram perdoados completamente pela ação divina. A ‘fé’ consiste em confiar totalmente, em reconhecer a insuficiência das próprias obras diante do Senhor para abrir-se ao seu agir em nós” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado [Tempo Comum – Vol. 2] – Paulus).

Pe. João Bosco Vieira Leite