(Br 1,15-22; Sl 78[79]; Lc 10,13-16) 26ª Semana do Tempo Comum.
“Ao Senhor nosso Deus cabe a justiça; enquanto a
nós, resta-nos corar de vergonha,
como acontece no dia de hoje aos homens de Judá e
aos habitantes de Jerusalém” Br
1,15.
“Baruc, filho de Nerias, companheiro e secretário
do profeta Jeremias, deu o nome ao Livro homônimo do qual a liturgia extraiu a
primeira leitura de hoje. Trata-se de uma confissão na qual se percorre a
história do povo e é reafirmada a teologia clássica do Deuteronômio: a Torá é a
grande dádiva que Deus fez a Israel. A sua observância é fonte de prosperidade,
ao passo que a sua transgressão traz a ruína e o exílio. Para poder inverter a
situação presente são necessários o arrependimento e o empenho numa nova
observância. [Compreender a Palavra:] O
autor do livro de Baruc pertence provavelmente ao grupo dos ‘hasidin’, isto é,
dos devotos da Lei (a Torá), que não cessavam de esperar numa intervenção
salvífica do Senhor da História. Enquanto outros, como os Macabeus, pegaram em
armas para defender a fé, o autor desta obra, juntamente como seu grupo, confia
antes na oração. Sentem-se solidários com todo o povo e consideram a situação
presente como uma consequência dos pecados das gerações anteriores. São os
poucos que representam, diante de Deus, a maioria do povo e fazem uma espécie
de exame de consciência, começando por fazer memória das grandes obras
realizadas por Deus em favor do seu Povo. As palavras de Baruc são, portanto,
uma confissão das culpas do povo, mas antes ainda uma confissão de fé na
grandeza de Deus e na sua predileção pelos israelitas, que Ele continuamente
demonstrou ao longo da História. Nenhuma altura em que o povo suportava
fortemente o fascínio da cultura helenista e era tentado a deixar a fé dos
antepassados, o texto de hoje desempenhava a tarefa de recordar a todos quais
eram as suas origens” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado [Tempo
Comum – Vol. 2] – Paulus).
Pe.
João Bosco Vieira Leite