(1Rs 19,9.11-16; Sl 26[27]; Mt 5,27-32)
10ª Semana do Tempo Comum.
“Ouviste o que foi
dito: não cometerás adultério’” Mt 5,27.
“Na perspectiva de
Jesus, a maneira como se encarava o 6º mandamento do Decálogo era insuficiente.
Considerava-se o adultério como uma espécie de injustiça cometida contra uma
propriedade alheia, um atentado ao bem mais precioso de um homem: sua mulher. O
casamento era a uma transação de compra e venda, pela qual um homem adquiria
uma mulher como esposa, a qual passava a fazer parte de seus bens. O respeito pela
mulher do próximo, portanto, colocava-se no contexto de respeito ao conjunto de
seus bens. O mandamento assim interpretado fundava-se na coisificação da
mulher, cuja dignidade não era reconhecida. Colocada no rol dos bens do marido,
ela se via privada da igualdade com o homem, o que não corresponde ao desejo do
Criador. Assim, Jesus viu-se forçado a opor-se a isso, pois era contrário ao
projeto do Pai. A exigência do Mestre recupera o respeito pela mulher, enquanto
ser humano. O discípulo do Reino é exortado a olhar para a mulher do próximo
com pureza de coração, sem se deixar envolver pelo desejo de possuí-la. Caso
isto aconteça, infringirá o mandamento de Deus, a partir do momento em que
consentir nos pensamentos libidinosos. Enquanto seus contemporâneos
preocupavam-se com o ato exterior do adultério, Jesus preocupava-se com o ato
interior, onde tem início o desrespeito ao mandamento divino. – Espírito
que dignifica, reforça no coração de todos o sentimento de respeito ao ser
humano, especialmente às mulheres, cuja dignidade é vilipendiada, sem
escrúpulos” (Pe. Jaldemir Vitório, sj – O Evangelho nosso de Cada Dia [Ano
C] - Paulinas).
Pe. João Bosco Vieira Leite