(At 28,16-20.30-31; Sl 10[11]; Jo 21,20-25)
7ª Semana da Páscoa.
“Jesus fez ainda
muitas outras coisas, mas, se fossem escritas todas,
penso que não
caberiam no mundo dos livros que deveriam ser escritos” Jo 21,25.
“Se fizéssemos a soma
numérica das obras que conhecemos de Jesus não encheríamos muitas páginas. Mas
algumas dessas obras são maiores do que o mundo. Bastaria lembrar a revelação
do mistério trinitário, o milagre eucarístico, o perdão pleno dos que perdoam
gratuitamente, o mandamento do amor fraterno, o caminho do desapego como a
maior das riquezas, sua ressurreição causadora de nossa ressurreição, o dom de
Pentecostes. O fato de sua encarnação, assumindo a condição humana, entrando no
mundo das criaturas ‘como primícias de todas’ (Cl 1,45) e refazendo o caminho
que une o céu à terra, vai além dos nossos horizontes e toma o tamanho do
mistério divino. Livro nenhum, ainda que fossem milhões, seria capaz de
descrever suficientemente a pessoa infinita e misteriosamente finita de Jesus,
sua missão tão humana quanto divina, seu ensinamento que, embora se contenha
numa frase (‘Amarás o Senhor teu Deus de todo o coração e a teu próximo com a
ti mesmo’ – Mc 12,31), pode abranger todos os poemas, discursos e canções
possíveis e impossíveis. Até os símbolos, a que o homem costuma recorrer quando
lhe faltam as palavras, se apequenam descoloridos. A obra de Jesus de Nazaré,
Filho de Deus Salvador, na terra, tem dimensões infinitas, como infinito é
Deus. Mas o pouco que ficou anotado é tanto que uma vida se torna curta para
abarcá-lo e vivê-lo. Mesmo porque estamos no campo do amor. E quem ama sabe que
a maior e melhor parte do amor é inefável, isto é, escapa às palavras pensadas,
faladas e escritas. – Senhor Jesus, mais que reter tuas palavras na
memória, peço-te que as graves no meu coração! Que eles façam parte de mim, não
como a minha roupa, mas como a minha carne, meu sangue, meus sentimentos! Que
eu te viva, agora e sempre! Amém” (Clarêncio Neotti – Graças
a Deus [1995] – Vozes).
Pe. João Bosco Vieira Leite