(Gn 3,9-15.20; Sl 86[87]; Jo 19,25-34) Maria, Mãe da Igreja.
“Porei inimizade
entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela.
Esta te ferirá a
cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” Jo 19,15.
“Esta página, à luz
de uma releitura cristológica e mariana, convida-nos, não obstante o realismo
com que inicia, a inverter a impressão de um mal sempre triunfante, tendo
presente o inteiro arco da história da salvação que se estende de Adão até
Cristo. É uma trajetória que conhece não apenas as quedas do pecado, mas também
o aparecimento da redenção; que compreende não apenas a luta, mas também a paz;
que abarca não apenas o medo, mas também a esperança; que é marcada não apenas
pelo juízo, mas também pela salvação. E dessa trajetória, Maria é um emblema
glorioso, sobretudo através da sua imaculada conceição, uma verdade de fé,
oculta em alguns padres da Igreja, debatida nos séculos XII-XIII, proclamada
por Pio XII a 8 de dezembro de 1854 com a bula ‘Ineffabilis Deus’ e
frequentemente fundada na passagem que acabamos de estudar. Um famoso teólogo,
A. D. Sertillanges, na sua obra ‘Il mese di Maria’ (Morcelliana, Brescia 1953),
escrevia: ‘Maria não é posta fora da redenção, é redimida como todos nós pelo
Filho. Ela, porém, é totalmente iluminada pela redenção, desde a sua conceição,
para que o próprio sol, Cristo, não seja de modo algum ofuscado. Os demais
serão apenas purificados; ela é totalmente pura. Mãe do dia, ela não
experimentará a noite, será a primavera da humanidade renovada, a suave brisa
do mundo’” (Gianfranco Ravasi – Os Rostos de Maria –
Paulus).