Jesus Cristo Rei do Universo – Ano B


(Dn 7,13-14; Sl 92[93]; Ap 1,5-8; Jo 18,33b-37)

1. Os dois versículos que nos foram oferecidos como 1ª leitura pertencem a um contexto mais amplo em que o autor contempla os grandes reinos que se sucederam no mundo e Israel foi vítima de muitos deles. Por trás do texto uma pergunta: Deus se manterá indiferente a tudo isso?

2. O profeta então vislumbra um outro reinado, definitivo, que reinará sem oprimir, pois tem um coração humano, diferente dos outros que se comportaram como animais. A liturgia nos prepara para o reconhecimento do Reinado de Jesus sobre os que optaram por uma forma diferente de relação com o outro.

3. Como 2ª leitura nos é oferecido o prólogo do Apocalipse de João. De cara vem o reconhecimento da soberania de Jesus sobre os reinados da terra. Nele está a última palavra sobre essa sucessão de reinados injustos. Como no texto anterior, se vislumbra a sua chegada para confirmar um outro tipo de reinado.

4. Se víamos meditando sobre o sacerdócio de Cristo, o texto nos recorda que cada cristão é um sacerdote em sua vida ofertada nos pequenos gestos de generosidade que constroem a vida, ao mesmo tempo que vão configurando o seu coração ao de Cristo.

5. Toda essa beleza relatada pelos textos anteriores parece contrastar com a imagem do Evangelho, pois Jesus evitou toda e qualquer situação que pudesse insinuar sua adesão ao modo de reinar nesse mundo. No entanto, diante de Pilatos ele afirma ser rei.    

6. Para Pilatos e para muitos de nós a compreensão não é fácil, quando comparamos com os reinados que conhecemos. Mas se pensarmos nas parábolas do Reino, nas imagens insignificantes usadas por Jesus, mas cheias de potencialidades, podemos compreender a força de um reino que cresce discretamente.

7. Jesus veio a nós para dar testemunho da verdade, não tanto para ensina-la, vivendo entre nós a partir de certas atitudes que inauguravam um mundo novo. E ainda hoje somos interpelados em nossas escolhas se essa ou aquela maneira de ser e agir realmente está criando algo de novo, de positivo, que beneficia não somente a mim.

8. Um reinado diferente, esse de Jesus, que não pode ser medido em números, em força, mas em atitudes que fazem a diferença nas relações, que cresce no respeito ao outro, no diálogo e particularmente na doação generosa de si mesmo, como Ele o fez na vida e na cruz.

9. “Contavam os rabinos que, durante uma noite escura, um homem acendeu uma lâmpada, mas o vento a apagou. Acendeu-a uma segunda e uma terceira vez, mas novamente foi apagada. Então ele disse: esperarei o sol nascer” (‘Celebrando a Palavra’ – Fernando Armellini – Ave Maria).

10. É dessa esperança que vivemos, de um reinado definitivo de Jesus sobre esse mundo, mas por enquanto seguimos nessa luta entre trevas e luz, pedindo ao Senhor a graça necessária para nos conduzirmos na sua presença real.   

Pe. João Bosco Vieira Leite