Sexta, 9 de novembro de 2018

(Ez 47,1-2.8-9.12; Sl 45[46]; Jo 2,13-22) 
Dedicação da Basílica do Latrão.

“No templo, encontrou os vendedores de bois, ovelhas e pombas e os cambistas que estavam ali sentados” Jo 2,13-22.

“Estamos solenemente reunidos para a consagração de uma casa de oração. Este templo é a casa de nossas orações; a casa de Deus, porém, somos nós. Nós que, edificados durante esta vida, seremos consagrados no fim do mundo. A construção do edifício exige trabalho, mas a sua consagração só traz alegria. A reunião dos fiéis traz-nos agora à lembrança o que aqui se passou quando se levantaram estas paredes. Ao abraçarem a fé, são os cristãos, de alguma forma, como que as árvores cortadas na floresta ou as pedras extraídas da montanha. Depois de instruídos, batizados, formados na vida cristã, podemos considera-los como que talhados, modelados, polidos pelas mãos do operário e do artista. Para constituírem, porém, a casa do Senhor, devem ser ainda solidamente cimentados pelo amor. Ninguém entraria neste templo se essas madeiras e pedras não fossem cuidadosamente encaixadas e aderidas pacificamente umas às outras, ligadas entre si como em amor mútuo. Pois, só se penetra com segurança num edifício e sem receio de catástrofe, quando a construção apresenta firmeza. O Cristo, querendo entrar e habitar em nós, começa a construir: ‘Eu vos dou um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros’ (Jo 13,34). ‘Um mandamento novo’, porque estais antiquados. Ficais alojados em escombros, em vez de construir uma casa. Se quiserdes sair dessa ruína, amai-vos uns aos outros. Meus irmãos, no universo inteiro, conforme o que foi predito e prometido, trabalha-se na construção dessa casa. Ao reconstituírem o templo de Deus, após o cativeiro, os judeus exclamaram, repetindo o salmo: ‘Cantai ao Senhor um canto novo, toda terra louve ao Senhor’ (Sl 95,1). Esse canto novo é o mandamento do Cristo. Como poderia o canto ser novo, senão por um amor renovado? O canto é a linguagem do amor; a voz que canta é o fervor do amor. Amemos, amemos sem medida, porque Aquele que amamos é o Senhor, acima de todos os bens! Amemo-lo por Ele, nele e para Ele. Verdadeiramente ama o amigo, aquele que ama a Deus em seu amigo, ou porque Deus vive no amigo, ou para que venha nele a viver. Eis aí o verdadeiro amor. Amar por outro motivo já não é mais amor, é ódio” [S. Agostinho (sermão 336) – O amor fraterno  – Leituras do Povo de Deus – Editora Beneditina].
 Pe. João Bosco Vieira Leite