(Tito 1,1-9; Sl 23[24]; Lc 17,1-6)
32ª Semana do Tempo Comum.
“Jesus disse aos seus
discípulos: ‘É inevitável que aconteçam escândalos. Mas ai daquele que produz
escândalos!’” Lc 17,1.
“A palavra
grega skandalon designa etimologicamente uma pedra de tropeço,
qualquer obstáculo ou estorvo no caminho, a ponto de fazer a pessoa desviar da
rota. Em sentido figurado é uma palavra, um gesto (solicitação ou mau exemplo)
capaz de induzir, a quem escuta ou vê, a comportar-se erroneamente. Em
convivência comunitária a influência dos maus pode vir a ser mais forte que o
exemplo dos bons. Na Igreja das origens cristãs não deviam faltar aqueles que
perturbavam as consciências dos simples com comportamentos inconvenientes. A
afirmação inicial (v. 1) parece considerar inevitável, o que não impede que
Lucas pronuncie severas reprovações contra aqueles que o causam. O ‘ai
daqueles’ soa como uma espécie de maldição. Anuncia o rigoroso julgamento para
aqueles que se tornarem responsáveis por esta culpa. Jesus emprega a mesma
linguagem contra os ricos que agora riem, estão saciados, aplaudidos, e que
logo verão mudada a sua sorte (6,24-26). Pode acontecer que os provocadores de escândalos
sejam eles mesmos ou outros de sua classe: os monopolizadores do dinheiro e da
cultura, os doutos, os mestres do saber. O escândalo envolve sempre determinada
categoria de pessoas: os pequenos, isto é, os fracos, aqueles que não possuem
suficiente segurança psicológica e maturidade espiritual. Os escândalos são
mais deletérios quando provêm de pessoas mais influentes. A estes adverte a
Sabedoria: ‘Amai a justiça, vós que governais a terra e, com simplicidade de
coração, tende bons sentimentos para com o Senhor e procurai-o’ (Sb 1,1)
– Senhor, fazei-me compreender que sou responsável por meus irmãos,
particularmente pelos mais desamparados. Amém” (Ralfy Mendes de
Oliveira – Graças a Deus (1995) – Vozes).
Pe. João Bosco Vieira
Leite