33º Domingo do Tempo Comum – Ano B


(Dn 12,1-3; Sl 15[16]; Hb 10,11-14.18; Mc 13,24-32).

1. Caminhando para mais um fim do ano litúrgico, a liturgia da Palavra sempre nos vem carregada de textos apocalíticos. Textos de força simbólica que trazem consigo uma mensagem, que não necessariamente é sobre o fim do mundo ou ao menos das coisas como as conhecemos.

2. Presente no Antigo e Novo Testamento, iniciamos com esse texto de Daniel. Vivendo uma época histórica difícil, Israel sofre com a perseguição de Antíoco IV, alguns abandonam a fé e outros morrem por causa da mesma. A pergunta por trás do texto é: o que se dará depois que tudo isso acabar? 

3. Aqui temos a 1ª profissão de fé na ressurreição da Bíblia. Uma palavra cheia de esperança para os que se encontram em situação de perigo, aflição e desânimo diante de um mundo cada vez mais perverso, apenas para lembrar que a nossa existência não está condicionada a isso que assistimos ou sofremos.

4. A 2ª leitura repete sua afirmação do domingo anterior sobre o sacrifício único de Cristo pela salvação de todos e acrescenta que esse também trouxe o perdão dos pecados. Cristo é o vencedor sobre todas as forças que nos levam a pecar, ainda que estas permaneçam entre nós.

5. A comunidade para a qual escreve Marcos também se vê agitada pelos acontecimentos ao seu redor e da perseguição sofrida por eles. Por trás do nosso texto está a profecia sobre a destruição de Jerusalém feita por Jesus somada ao anúncio de seu retorno.

6. As imagens podem parecer assustadoras, mas na realidade falam de esperança: em meio a toda essa confusão nenhum dos que creem será esquecido, ninguém se perderá. Então, o que chamamos de fim é a inauguração de um novo tempo.

7. A própria parábola que encerra o texto fala dessa atenção aos sinais dos tempos sem precisar data ou qualquer sinal definitivo. Vivemos situações novas a cada momento, ao lado de um avanço tecnológico cresce a indiferença, a crise nas relações e as desilusões...

8. Os que amam a verdade, a paz, a justiça, a liberdade, não devem desanimar, pois as noites mais escuras permitem maior percepção dos astros celestes. A sabedoria os distingue. Sob o olhar de Deus, o caos tem outro sentido: não desanimar, não perder a fé, saber aguardar o desenrolar das coisas.

9. Outros antes de nós julgaram, em meio a situações difíceis que atravessaram que era o fim e, no entanto, o ser humano encontrou formas de seguir adiante. E nós encontraremos a nossa, pois a última palavra sobre tudo isso não nos pertence.

Pe. João Bosco Vieira Leite