Quinta, 29 de novembro de 2018


 (Ap 18,1-2.21-23; 19,1-3.9; Sl 99[100]; Lc 21,20-28) 
34ª Semana do Tempo Comum.


“Quando essas coisas começarem a acontecer, levantai-vos e erguei a cabeça,porque a vossa libertação está próxima” Lc 21,28.

“Lançado que sou em direção ao futuro, em razão da Promessa contida no mandamento do Senhor, a Oração (sem aquela de que vale esta?) é a própria criação do que está por vir. Ela não existe nem para encher o vazio do passado, nem para assegurar o presente: ela realiza um futuro, para assegurar a possibilidade de uma história. A história da minha própria vida, para que ela não se torne a fastidiosa repetição indefinida de instantes sem significação, a história da minha Igreja para que ela não seja a incoerência de boas intenções e de piedade sem fundamentos, a história de meu povo, para que não venha a ser acúmulo de opressões, de ódios e de injustiças: ou seja, para que em todos os níveis haja verdadeiramente História e não vã sucessão de atos insignificantes. Ora, não nos enganemos: é a oração, e só ela, que pode fazer a História. Com efeito, rezar é se voltar para o futuro, espera-lo como uma possibilidade, e deseja-lo como uma História: mas a possibilidade única de Deus, e a História de Deus com o homem. Que seria a oração se justamente ela não pretendesse atualizar, neste instante, e em relação a mim, este encontro de Deus com o homem, realizado em Cristo Jesus? A decisão de Deus de fazer esta História é realizada em Jesus Cristo; a decisão do homem de realiza-la também, é a Oração, a minha Oração deste momento. A Oração nisto se resume ou ela não é nada. A Oração é a expressão da esperança no meu desespero humano; o diálogo da fé, na minha dúvida. Ela contesta em mim a situação concreta onde me encontro; o diálogo com Deus me põe numa contradição comigo mesmo, com meu ambiente, com meu passado: quem diz diálogo implica tensão, contestação recíproca. Que significa rezar quando se diz a Deus: ‘Eu sou um homem notável, porque tu me fizeste notável’? Que resposta poderia vir de Deus? o pleno acordo que significa ‘silêncio’. Oração, contestação de mim mesmo, eis no que consiste a minha experiência: Em Cristo, a contestação da esperança a meu desespero, a negação de minha angústia e de meu pessimismo pela alegria, a abolição da minha escravidão pela Liberdade de Deus”. (J. Ellul – Em direção ao Futuro – Editora Beneditina Ltda.)

Pe. João Bosco Vieira Leite