32º Domingo do Tempo Comum – ano B

(1Rs 17,10-16; Sl 145[146]; Hb 9,24-28; Mc 12,38-44).


1. A liturgia nos oferece um dos episódios da vida do profeta Elias em fuga quando do seu enfrentamento ao rei Acab e sua malévola esposa no que dizia respeito a culto ao verdadeiro Deus. Vem como castigo um tempo de seca com todas as consequências.

2. O encontro do profeta com essa viúva em seu estado de pobreza e sua confiança em Deus que nos serve de ponte para o evangelho. O texto revela esse olhar misericordioso de Deus para com os mais pobres e ao mesmo tempo a sua bênção sobre os que sabem partilhar.

3. Retomamos nossa leitura da carta aos Hebreus sobre o sacerdócio de Cristo. Ele nos afirma que Cristo exerce seu sacerdócio nos céus e que seu sacrifício foi único e definitivo para o perdão dos pecados, assim, quando voltar não haverá mais sacrifícios, mas resgate de todos aqueles que nele creram e esperaram. 

4. Claramente dividido em dois momentos, podemos perceber no evangelho: um julgamento sobre os escribas e o generoso gesto da viúva. De certo modo o texto busca chamar a atenção para o contraste entre as personagens.

5. Jesus considera os escribas vaidosos, como um pavão com sua cauda, e ambiciosos, pois se aproveitavam de sua posição para explorar os mais pobres. Em parte, vivem de aparência escandalizando assim a vivência religiosa de outros. Jesus foi um sério crítico de todas essas personagens que continuam presente entre nós em novas roupagens e funções...

6. Mas Jesus não fica nesse espetáculo triste e dirige o olhar dos discípulos para uma atitude de religiosidade autêntica de uma mulher que, apesar de sua pobreza, vive um desapego significativo e uma total confiança em Deus. Ela não faz parte dos seus discípulos nem O conheceu, mas vive de um modo particular o evangelho.

7. Para os discípulos de todos os tempos, Jesus mostra como, para além das fronteiras do cristianismo, pessoas nos dão um exemplo de vivência da fé de maneira surpreendente vivendo a humildade, sem chamar a atenção sobre si e sobre seu gesto.

8. Ao contrário do jovem rico com quem nos encontramos alguns domingos atrás, ela tem a coragem de doar tudo o que tem. Esse ’tudo’ não significa um despreocupar-se de si mesmo, mas de sentir-se responsável também pela vida dos outros. Muitas formas de egoísmo se escondem numa pretensa preocupação primordial pelos próprios familiares.

9. Como o próprio Deus que se deu todo no Filho, mesmo sendo rico se fez pobre, a vida de Jesus está presente na entrega daquela pobre mulher, na doação de si mesmo ao mistério da Cruz que ele já havia anunciado aos seus discípulos. Assim ele reforça sua entrega através de outra imagem e nos convida a um olhar sobre nós mesmos e nossa entrega confiante a Deus.

Pe. João Bosco Vieira Leite