17º Domingo do Tempo Comum – Ano B


(2Rs 4,42-44; Sl 144[145]; Ef 4,1-6; Jo 6,1-15).

1. No ano de Marcos, no Tempo Comum, a liturgia insere o capítulo 6 de João que ocupa cinco domingos. Somos convidados a uma reflexão sobre a realidade eucarística e assim compreendemos porque João não traz a narrativa da última Ceia.

2. A multiplicação dos pães realizada por Cristo no evangelho se conecta a um fato ocorrido no Antigo Testamento onde Eliseu saciou uma centena de pessoas confiando no poder de Deus. Também ali houve sobra de pães. 

3. Aqui, como no evangelho, o pão oferecido a Deus, volta para nós como uma dádiva divina; sinal da solidariedade de Deus para conosco, que sustenta a nossa vida. Deus não espera nenhuma retribuição, nem faz do homem um dependente de sua intervenção, mas quer estimula-lo a solidariedade e a busca de solução para os problemas que a vida humana apresenta.

4. De uma de suas prisões, chega à comunidade de Éfeso um apelo a unidade para a vivência cotidiana e para as situações difíceis que deverão enfrentar e que faz parte da vocação abraçada, como acontece ao Apóstolo. Ele pode assim exortar a comunidade a vivência de certas virtudes, pois muito aprendeu em suas desventuras.  

5. Vimos Jesus que no domingo anterior desembarcava com seus apóstolos e encontrava uma multidão que os esperava, como ovelhas sem pastor. Para essa multidão perdida Ele oferece a Sua palavra acompanhada de sinais, mas também percebe, que o dia finda e eles têm fome.

6. A generosidade de um rapaz é o ponto de partida para que Jesus alcance a todos ali presente. Nos gestos de Jesus: ‘tomar’, ‘dar graças’, ‘distribui-los’, e a proximidade da Páscoa mencionada no texto, se revela uma outra intenção por parte do autor que se revelará mais adiante.

7. Por enquanto convém perceber que a multidão, ao seu modo, confere a Jesus a dignidade profética e messiânica, conforme as aspirações que traziam consigo desde o Antigo Testamento. No meio dessa confusão Jesus prefere afastar-se e tratar a sós com o Pai.

8. No atual cenário em que as nações discutem tarifas a serem cobradas pelas mercadorias a serem negociadas, e como os discípulos, pensamos em torno de cifras, Jesus nos lembra que há no mundo suficiente alimento para todos, o problema é a concentração por parte de alguns, das riquezas que Deus colocou à disposição de todos.

9. Ao tomar o pouco que o rapaz oferece, Jesus lembra a ação divina que unifica os esforços, potencializa os recursos humanos e multiplica os resultados. 

10. Cada vez que nos reunimos para celebrar a Eucaristia, somos recordados e convidados a uma unidade não só no pão comum, partilhado, mas também na busca de um desenvolvimento humano que alcance a todos, com o pouco que cada um pode oferecer. Pode ser até um voto nas próximas eleições...

  Pe. João Bosco Vieira Leite