14º Domingo do Tempo Comum – Ano B


(Ez 2,2-5; Sl 122[123]; 2Cor 12,7-10; Mc 6,1-6)

1. Para nos introduzir na compreensão do evangelho, onde Jesus aparece como um profeta em meio aos seus conterrâneos e sua rejeição por parte dos mesmos, a 1ª leitura nos coloca alguns aspectos da missão profética a partir do chamado de Ezequiel.

2. Chamado por Deus, característica fundamental, mesmo sendo um ser humano como os outros em sua condição e fragilidade, ele é enviado a levar a mensagem a gente de cabeça dura e coração de pedra, como os contemporâneos de Jesus. Certas coisas não mudam. 

3. Dele se espera que leve a Palavra adiante. Para isso, deve ter um espírito de atenta escuta. Não é alguém que opera coisas extraordinárias, nem está preocupado com resultados. Ele só precisa ser fiel ao que lhe é pedido. Nesse breve quadro a liturgia quer recordar o nosso batismo e que somos também profetas.

4. O profeta não é ninguém isento das dificuldades comuns da vida, não se sente um privilegiado. Assim lembra Paulo, que carrega consigo uma limitação, ‘um espinho na carne’, que até hoje os estudiosos não chegaram a um consenso do que se trata. Mas Paulo vê nessa situação uma graça: não se corre o risco de confundir o mensageiro com a mensagem. Jesus também parece frágil, diante das expectativas do seu povo.

5. Tanto Ezequiel, como Paulo, passam por esse critério das escolhas de Deus que muitas vezes não correspondem às nossas expectativas; onde a fragilidade humana permite à graça divina uma maior atuação. Esse mesmo critério entra no mistério da encarnação. 

6. Entramos com Jesus em Nazaré, onde os sentimentos de admiração e escândalo dominam os habitantes locais ao verem em quem se tornou o jovem carpinteiro, Sua fama o precede. Ele chega com sua nova família, os discípulos que o seguem e tentam compreender o Seu mistério.

7. Do outro lado, o texto nos apresenta seus conterrâneos que, presos às suas tradições religiosas sobre o Messias esperado, concluem que Jesus não se encaixa em tal perfil. E aqui está o cerne do escândalo, da contradição e, consequentemente, da separação. 

8. Assim também nos encontramos diante de um atuar de uma Igreja que não se faz mais tão incisiva, que não demonstra poder, que não impõe, apenas, como Jesus, propõe um caminho de salvação. E quem abraçar tal caminho tenha consciência que pode se tornar um sinal de contradição para os demais.

 Pe. João Bosco Vieira Leite