(Is 6,1-8; Sl 92[93]; Mt 10,24-33)
14ª Semana do Tempo Comum.
“Não tenhais medo
daqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma! Pelo contrário, temei
aquele que pode destruir a alma e o corpo no inferno [geena]!” Mt 10,28.
“Como sabemos, geena
é uma palavra de origem hebraica, que significa vale Vale de Hinnon. Era um
lugar onde se queimava o lixo da cidade de Jerusalém. Em alguns trechos de seu
Evangelho, Cristo usa desta palavra para denominar o castigo infligido àqueles
que vão de encontro ao plano do Pai, numa inaceitação consciente de tudo aquilo
que Ele preceitua, propõe e aconselha. Então, Jesus fala a respeito do inferno?
Fala sim. Com essas palavras, não há como fugir da evidência de sua revelação.
Tanto mais porque, em outras ocasiões, dentro deste contexto de pregação, suas
afirmações são as mesmas, a respeito da punição àqueles que, até o último
instante, resistiram aos incessantes apelos do amor do Pai. Este inferno de que
Cristo fala consiste, essencialmente, na privação da visão beatífica de Deus,
coisa pela qual todos nós ansiamos, conforme percebeu tão bem Santo Agostinho,
ao dizer – Fizeste-me para ti, ó Senhor, e o meu coração está inquieto,
enquanto não descansar em ti. Deus não encaminha ninguém para o inferno. É o
homem que lamentavelmente escolhe o seu caminho, usando mal do dom precioso de
sua liberdade. A Igreja diz, afirma, que alguém se salvou, mas não diz que
alguém se condenou. Nenhum de nós precisa viver com medo de cair no inferno,
mas de perder o céu. – Ó Deus, como salmista, nós buscamos a vossa face. Que
a encontremos. Amém” (José Gilberto de Luna – Graças a
Deus (1995) – Vozes).
Pe. João Bosco Vieira Leite