Segunda, 16 de julho de 2018


(Zc 2,14-17; Sl Lc 1; Mt 12,46-50) 
N. Sra. Do Carmo.

A memória obrigatória de N. Sra. Do Carmo foi elevada a categoria de festa e assim ganha leituras e orações próprias para esse dia, mantendo-se a sugestão do Ordo latino quanto ao evangelho cuja meditação aqui transcrevo do livro ‘Maria na Igreja em oração’ de Corrado Maggioni (Paulus): “A primeira impressão que o leitor sente com a leitura deste texto é de deparar-se, contra toda expectativa, com um Jesus pouco preocupado e sensível com sua mãe e seus irmãos (em Israel com este nome indicavam-se não só os irmãos nascidos da mesma mãe, mas também os primos e parentes). Entretanto, uma leitura mais apurada, nos dá a ideia justa das intenções de Jesus. Como poderia, com efeito, transcurar Aquela que lhe deu o corpo com o qual pode realizar até o fim a vontade de Deus (cf. Hb 10,5)? O trecho evangélico começa com Jesus que fala à multidão e termina com o anuncio de um novo parentesco com ele, superior ao da carne: ‘Aquele que fizer a vontade de meu Pai que está nos céus, esse é meu irmão, irmã e mãe’. É fácil compreender que a intenção de Jesus é a de transformar em familiares os anônimos ouvintes da multidão. Essa intenção aparece de fato reforçada pela contraposição, evidente no trecho, entre a família natural de Jesus (‘sua mãe e seus irmãos estavam fora, procurando falar-lhe’) e a família espiritual que ele vai construindo dia após dia e que quer composta por todos os que estão dispostos, a seu exemplo, a ‘fazer a vontade do Pai que está nos céus’. A exposição desta importante verdade é provocada pela presença da mãe e dos parentes. Jesus, como bem sabe fazer, antepõe uma pergunta que a todos deixa perplexo e um pouco desorientados: ‘Quem é minha mãe e quem são os meus irmãos?’ Apresentada por quem conhece bem a resposta, essa pergunta quer naturalmente prender a atenção dos ouvintes. Com ar solene, de fato, Jesus ‘apontando para os discípulos com a mão’ (é um gesto revelador, além de ser indicativo) pronuncia as palavras que manifestam quais são os laços que os unem à sua pessoa: os laços provenientes da escuta da Palavra são mais fortes que os de sangue. Desta maneira nos é explicado também o vínculo que une a Mãe ao Filho: Maria é a Mãe de Jesus, porque na hora da anunciação respondeu com a própria vida à vontade de Deus: ‘Eu sou a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra’ (Lc 1,38). Por essa claríssima fé tornou-se a Mãe de Deus! Se o privilégio da divina maternidade é exclusivo da Virgem, o pertencer à família de Jesus e o gera-lo nos corações dos homens é também missão dos discípulos. Juntamente com o evangelho, que nos convida a nos tronarmos com Maria, irmãos, irmãs e mãe de Cristo, a oração de coleta nos ajuda a captar sinteticamente o significado desta memória mariana: ‘Venha, ó Deus, em nosso auxílio a gloriosa intercessão de nossa Senhora do Carmo para que possamos, sob sua proteção, subir ao monte que é Cristo’. Pela oração logo se vê que a mira é o encontro beatificante com o Senhor Jesus, descrito com a imagem do ‘monte santo’. A subida (tema caro ao vocabulário carmelita) não pode ser sustentada a não ser por Maria, a qual ‘com seu amor de Mãe, cuida dos irmãos de seu Filho que ainda peregrinam e se debatem entre perigos e angústias, até que sejam conduzidos à pátria feliz’ (LG, n. 62)”.

  Pe. João Bosco Vieira Leite