São Pedro e São Paulo – 2018


(At 12,1-11; Sl 33[34]; 2Tm 4,6-8.17-18; Mt 16,13-19)

1. No dia 29 de junho, a Igreja espalhada pelo mundo inteiro celebra São Pedro e São Paulo. Nós aqui no Brasil recolhemos essa data para o domingo mais próximo. Nossa festa remonta os séculos II e III, onde em Roma os dois apóstolos e mártires eram venerados. Daí, desde tempos remotos, a Cidade Eterna virou lugar de peregrinação do mundo cristão.

2. Os dois apóstolos são contemplados em nossa liturgia da Palavra, mas a figura de Pedro acaba por sobressair, deixando à margem a figura de Paulo, até mesmo dos nossos festejos juninos. Mas deixemos claro que a resposta de Pedro no evangelho faz eco ao que respondeu com a vida o apóstolo Paulo.

3. É curioso que Jesus faça a sua abordagem aos apóstolos em território pagão. De fato, não é maior o desafio de respondermos à nossa fé, fora dos muros dos que comungam conosco o mesmo ideal? As perguntas giram em torno da identidade de Jesus. As massas têm respostas diferentes, mas Simão Pedro se faz porta voz daqueles que O tem acompanhado mais proximamente.

4. A resposta de Simão brota, na realidade, de uma inspiração divina. Jesus constata que ele não teria a capacidade humana de por si só vislumbrar tal mistério. E isso se perceberá em vários momentos da caminhada desse que será colocado à frente dos demais.

5. É sobre essa fé que Cristo construirá a sua Igreja. Note que é Cristo o construtor, e é dele a Igreja a ser erguida. Mas entre Pedro e Jesus, os termos ‘pedra’ ou ‘rocha’, nos evangelhos, são atribuídos a ambos.  O rochedo é uma das imagens de Deus no Antigo Testamento, visto não somente pela sua solidez, mas como lugar de abrigo, rocha escavada.

6. Daí vem a ideia de lugar ou algo que abraça, envolve, guarda e protege. Essa será a missão de Pedro, como foi de Paulo em seu ministério. Para isso, assim como fez o Pai naquele momento da resposta, lhe será dado um saber e um poder na administração das chaves do Reino. É nisso que acreditamos quando nesse dia trazemos a presença do papa Francisco em nossa celebração e em cada celebração.

7. Se o papa nos pede tanto que rezemos por ele, é sua consciência da missão que lhe foi confiada, da sua fragilidade, mas ao mesmo tempo que é pastor, ele é membro desse povo que Deus constituiu como Seu. Daí a importância da dinâmica do amor e do perdão, ressaltada por Mateus, que deve reger o nosso caminhar.

8. Assim Pedro compreendeu, na 1ª leitura, como Deus lhe vai conduzindo em momentos difíceis. O anjo que o liberta o deixa só para seguir pelas estradas da vida a sua missão de testemunhar a força libertadora de Deus.

9. Paulo condensa em três imagens de seu tempo a sua vida, e trazemos aqui também a de Pedro. O sacrifício, aquilo que se oferece à divindade, tornado sagrado, pelo sangue derramado ou pelo sacrifício queimado sobre o altar, cuja fumaça sobe ao céu, recordado no uso do incenso em nossas celebrações, cuja fumaça se eleva com nosso louvor e prece.

10. Do mundo militar vem a ideia de combate, cuja luta foi de uma vida inteira dos nossos apóstolos pela fé. E como um atleta que sabe que tem que abrir mão de tudo e se sacrificar para alcançar a vitória, ele tem consciência, tanto quanto Pedro, do que foi deixar tudo por algo maior e melhor, por uma coroa não perecível.

11. É nesse breve quadro que contemplamos esses dois apóstolos e a nós mesmos como membros dessa Igreja, convidados continuamente a rezarmos uns pelos outros, pois se é Cristo quem a edifica, não o fará sem a nossa colaboração, por menor que essa possa ser em nosso testemunho de fé e vida. “A Ele a glória, pelos séculos dos séculos! Amém!”.

  Pe. João Bosco Vieira Leite