16º Domingo do Tempo Comum


(Jr 23,1-6; Sl 22[23]; Ef 2,13-18; Mc 6,30-34).

1. Retorna em nossa liturgia a meditação sobre os cuidados de Deus a partir da imagem do Pastor, tendo como centro a imagem do evangelho onde a expressão dos cuidados aparece no agir de Jesus. Por outro lado, somos lembrados que Deus confia a algumas pessoas esse mesmo cuidado, mesmo correndo o risco de ter que substituí-las periodicamente por se desviarem de sua função. 

2. É disso que trata a 1ª leitura com a promessa do descendente de Davi. Para a Igreja, em todos os tempos, resta a responsabilidade daqueles que lhes foram confiados, tendo presente o agir de Jesus. O texto também nos recorda o risco do desinteresse de quem deveria cuidar, tanto quanto da instrumentalização em proveito próprio de certos guardadores do rebanho, e aqui a reflexão se amplia para o âmbito social e político.

3. Paulo nos fala dessa unidade criada por Cristo entre judeus e pagãos, fazendo-os um só povo. A Igreja também aqui se compreende naquilo que lhe foi confiado como um serviço à unidade do gênero humano, possibilitando o diálogo e a aproximação, criando pontes para uma possível paz a partir da mensagem de Cristo Jesus.

4. Marcos descreve para nós o retorno dos apóstolos de sua missão. Partilham com o Mestre o que haviam feito e ensinado. Jesus demonstra uma terna compreensão do desgaste da missão e os convida a descansar, o que aparentemente durou a travessia de barco, pois do outro lado uma multidão os espera.

5. Jesus também demonstra compreensão para com aqueles que o buscam permitindo que a figura do pastor, anunciada na 1ª leitura tome forma no seu modo de acolher.

6. Duas realidades ou necessidades aparecem nesse breve trecho: o descanso merecido e necessário e a atenção necessária à necessidade do outro. Algo que exige de nós certa atenção e equilíbrio. Certamente, do convívio com o próprio Jesus, os apóstolos entenderam quão significativa era a mudança de plano naquele momento.

7. O evangelizar é mais que a partilha de conhecimentos; é um interessar-se pela real necessidade do outro, seja ela de descanso ou de uma fome específica. Saber adaptar-se, flexibilizar para ir ao encontro das necessidades concretas as pessoas.

8. Fica sempre uma lição para nós, quer sejamos agentes de pastoral, líderes comunitários, casais em busca de uma harmoniosa convivência ou um simples cristão que lida com as realidades que o cercam enquanto tenta seguir os passos de Jesus.

 Pe. João Bosco Vieira Leite