(Sb 7,22—8,1; Sl 118[119]; Lc 17,20-25)
32ª Semana do Tempo Comum.
Na linguagem de alguns salmos
imprecatórios reflete-se a sede de justiça que existe em todos os tempos. O ser
humano embrutecido pela carência dos recursos mais elementares tem dificuldade
de elevar seu pensamento a Deus e sua linguagem pode ser bastante pesada como
expressão do seu sentimento. “Imaginemos que apanhamos o Saltério que
recebemos devotamente da Igreja e começamos a suprimir os salmos imprecatórios.
O que? Há homens que sofrem? Pois isso não me interessa. Eu vou à Igreja ao
encontro do divino Mestre, do doce Jesus que me fala ao coração. Quanto ao
resto, pouco me importa. Não só não me interessa como me incomoda. Vamos
recortar o Saltério, que foi mal construído. O Espírito Santo se distraiu e
deixou que ali entrassem de contrabando tantos salmos. Os salmos que se
preocupam com o próximo, com os oprimidos, com os explorados, estão fora de
lugar... Ficaremos só com os salmos bonitos, os salmos doces, nos quais brilha
o sol e ecoam a flauta e o pandeiro” (Luis Alonso Schokel IN Hilar
Raguer – Para Compreender os Salmos – Loyola).
A sabedoria, descrita em suas
qualidades, é aqui relacionada à Palavra de Deus com o salmo 119 (vv.
89-91.130.135.175). “Estes versículos fazem parte de um longo salmo alfabético
(cada uma das vinte e duas estrofes começa com uma letra do alfabeto hebraico),
que contém um hino de ação de graças ao Senhor pela dádiva da Torá. O salmista
louva a estabilidade e a fidelidade da Palavra, pedindo para si mesmo a luz do
ensinamento e uma vida de louvor” (Giuseppe Casarin – Lecionário
Comentado – Paulus).
Pe. João Bosco Vieira Leite