(Pr 31,10-13.19-20.30-31; Sl 127[128]; 1Ts 5,1-6; Mt 25,14-30)
1. O mundo bíblico, culturalmente
falando, é machista e sexista, com poucas exceções encontramos textos que
ressaltem as qualidades femininas. A 1ª leitura descreve, a partir de sua
compreensão, a mulher ideal, ainda que alguns movimentos feministas possam não
ver tal descrição de modo positivo.
2. Mas aqui trata-se de preparar o
texto do evangelho que nos fala de talentos, da administração dos dons que nos
são confiados, para não restringirmos demais nossa compreensão.
3. Ainda na esteira do tema da volta do
Senhor iniciado no domingo anterior, acompanhamos a palavra de Paulo que se
identifica com as orientações dadas por Jesus no evangelho. Não há como saber
quando, tudo virá de surpresa. E para não sermos surpreendidos em demasia,
convém uma vigilância constante, particularmente para não perdermos nossa
identidade de filhos da luz.
4. É a partir da compreensão desse
tempo de espera que podemos ler a parábola que nos é proposta. Um tempo que é
de todos e particularmente da Igreja que conserva essa fé na volta de Cristo. A
ela foi confiado o evangelho, os sacramentos, o cuidado para com os que sofrem...
Num primeiro plano é preciso compreender os talentos dentro dessa dimensão.
5. Tudo que Jesus espera de sua Igreja,
de suas comunidades, é que produza frutos em abundância. Se aqui aparecem os
ministérios, aparecem também os dons pessoais. Colocar no banco o talento pode
significar devolver à comunidade aquilo que não dou conta para que essa confie
a outro o que não dá frutos em minhas mãos.
6. A imagem final, do servo medroso
traduz uma visão de Deus ou do próprio Jesus de modo negativo, quando na
realidade o objetivo é combater a omissão. A parábola não diz, mas os que
investiram os seus talentos certamente correram riscos e até falharam, mas não
ficaram parados.
7. Quem sabe fazer acontecer
multiplica, como quem acumula riqueza, os seus talentos crescerão sempre mais.
Tudo indica que a parábola é um recado às comunidades cristãs, mas isso não
impede de lermos a partir do plano pessoal. A figura da mulher na 1ª leitura
pode simbolizar a comunidade, a própria Igreja, mas cada um de nós que não
permite que a simples acomodação nos impeça de gerar mais vida a partir da
nossa própria vida.
Pe. João Bosco Vieira Leite