34ª Domingo do Tempo Comum – Ano A

(Ez 34,11-12.15-17; Sl 22[23]; 1Cor 15,20-26.28; Mt 25,31-46) 
Cristo Rei.

1. A solenidade que encerra o ano litúrgico traz esse ar de realeza, mas em seus textos contempla a Deus e ao Cristo como pastor. Por trás do texto da 1ª Leitura. Está a dispersão provocada pela invasão babilônica e toda ordem de desmandos. O profeta diz que Deus mesmo agirá em favor do seu povo, particularmente dos oprimidos.

2. O texto de Paulo, que vê a vinda de Cristo entre nós como uma espécie de reinado, vê na sua ressurreição um sinal de vitória que aponta para a destruição da morte. Não a morte em si, enquanto condição criatural, mas de fazer dessa uma passagem para uma vida plena e definitiva. O reino de Deus pregado por Ele está em atuação, em todos aqueles que lutam contra tudo aquilo que diminui a dignidade do ser humano.

3. Sabemos que as parábolas de Jesus nos revelam o mistério do reino, mas também da sua pessoa e do próprio Deus a quem aprendemos a chamar de Pai. Mas algumas parábolas nos deixam embaraçados em seus juízos ou conclusões que chegamos a nos perguntar até que ponto, de fato, elas revelam o mistério divino?

4. Como nas parábolas anteriores, Jesus se serve de uma imagem do seu cotidiano: o pastor recolhe as ovelhas e os cabritos ao cair da tarde, e as separa e as acomoda, de acordo com a resistência de cada um ao tempo. Através dessa narrativa se apresenta uma espécie de juízo final bem ao gosto dos pregadores e ouvintes da época, bem estruturada e de fácil compreensão em sua mensagem.

5. Para alguns pode ser um cenário aterrador, para outros uma grande fantasia, mas resguardemo-nos de prestar atenção a mensagem central. A importância do tempo que nos é dado a viver e o que conta para o futuro que nos espera. Sobre que valores estamos alicerçando a nossa vida?

6. Retornamos às chamadas obras de misericórdia. O que Jesus propõe não é refletir sobre o fim, mas sobre o que fazemos no momento presente. O amor ao ser humano corresponde ao amor a Deus. A capacidade de cuidar, respeitar, solidarizar-se, e outras coisas mais significam ou traduzem nossa capacidade de amar o outro.

7. Mas isso não se faz ou se vive numa espécie de contabilização de quantidade, mas num estilo de vida que adotou para si uma atenção ao outro sem esperar recompensa.

8. Deus não é o castigador da história, Ele apenas recolhe o que foi plantado e devolve ao cultivador e lhe permite avaliar a própria história.

9. Jesus deixa-nos um rosto divino revestido de juiz, mas ao mesmo tempo revelou-nos a sua profunda misericórdia. Ninguém é perfeito, resta-nos a confiança e a esperança que a misericórdia prevaleça sobre o juízo, como retrata Suassuna no “Auto da Compadecida”. 


Pe. João Bosco Vieira Leite