(Sb 13,1-9; Sl 18A[19]; Lc 17,26-37)
32ª Semana do Tempo Comum.
Uma constante nos salmos é a menção do
dia e da noite, como realidades concretas saídas das mãos do Criador e podem
expressar a totalidade, mesmo se as expressões pareçam opostas. “De
acordo com a lei do paralelismo, que é a maior característica da poesia
hebraica, com frequência a noite e o dia são mencionados em separado, nos dois
hemistíquios de um mesmo versículo, como se sugerisse que, por cima da
alternância de ambos, existe alguma coisa que permanece constante. [...] Quanto
ao significado específico do dia e da noite, tomados em separado, é
ambivalente. Por um lado, toda a história da salvação é uma luta entre o bem e
o mal, simbolizados respectivamente pela luz e pelas trevas, ou, o que dá no
mesmo, pelo dia e pela noite. A história começa com as trevas iniciais, e o
combate chega ao seu paroxismo com a Paixão (‘mas esta é a vossa hora, e é o
império das trevas!’, diz Jesus aos que vão prendê-lo; Lc 22,53), culmina na
vitória do amanhecer da Páscoa e termina com a visão da Jerusalém celestial,
que não conhece a noite, nem precisa que o sol e a lua a iluminem, porque é
iluminado pela glória de Deus e sua lâmpada é o Cordeiro de Deus (cf. Ap
21,23)” (Hilar Raguer – Para Compreender os Salmos –
Loyola).
O autor dos livros da Sabedoria comenta
a insensatez dos que não reconhecem a Deus a partir da própria criação, mas o
nosso salmista não perde vista as ‘pegadas’ deixadas pelo criador. No salmo 19
(vv. 2-5), “o salmista engloba o espaço (‘céus’ e ‘firmamento’, v.2) e
os tempos (‘dia’ e ‘noite’, v. 3) no anúncio da glória de Deus. Trata-se de um
anúncio que não é linguagem, que não tem palavras nem sons, e, no entanto,
espalha-se por todo o mundo. Nasce da visibilidade das obras do Deus criador” (Giuseppe
Casarin – Lecionário Comentado – Paulus).
Pe. João Bosco Vieira Leite