Sexta, 8 de julho de 2016

(Os 14,2-10; Sl 50[51]; Mt 10,16-23) 
14ª Semana do Tempo Comum.

Nosso último texto do profeta e também último capítulo do seu livro não tem o ‘castigo divino’ como último elemento, mas um forte apelo à conversão. Uma renúncia das alianças políticas e da idolatria se percebe pela nessa oposição entre as obras de suas mãos e as de Deus. É a vitória do amor sobre a ira e para isso recorre às mesmas imagens do Cântico dos Cânticos, retomando a comunhão nupcial como retrato simbólico.

Jesus recorre a uma comparação para expressar dos perigos que comporta a missão cristã no mundo e os instrui. “Ele os instrui a ser astutos e ingênuos. Parece uma contradição. A maioria dos exegetas lança-se de imediato sobre a ingenuidade e pureza das pombas. Essa atitude corresponde melhor ao ideal cristão: viver na pureza de coração, sem segundas intenções, sem se deixar contaminar pelas agressões dos adversários. Mas Jesus recomenda também a astúcia das serpentes. [...] Jesus usa esse símbolo negativo, entre os judeus, em sentido positivo. Os cristãos devem ser astutos como as serpentes. Eles devem manter-se em contato com a sua vitalidade, com a sabedoria da natureza, com a energia da sua sexualidade. Eles não devem guiar-se apenas por elevados ideais, mas devem viver a partir da sabedoria do mundo dos instintos, da astúcia natural das serpentes. Quem está em harmonia consigo próprio não precisa defender-se logo de qualquer ataque. Como a serpente, ele se subtrai àquele que quer ataca-lo. Na verdade, nos sentimos atacados sempre que alguém menciona algo que não podemos aceitar em nós próprios. Quem puder observar tudo o que há dentro de si, mesmo a característica de serpente, com o olhar puro das pombas, para esse tudo será puro. Ele pode viver entre os lobos, sem ser despedaçado por eles. Suas agressões nada podem contra ele (Anselm Grun, “Jesus mestre da salvação”).

Pe. João Bosco Vieira Leite