(Jr 26,11-16.24; Sl 68[69]; Mt 14,1-12)
17ª Semana do Tempo Comum.
Com a memória de Marta ontem, não
acompanhamos o discurso que Jeremias faz no Templo desencadeando uma dura
reação tanto do povo como dos chefes e assim move-se um processo contra o
profeta que virá com uma sentença de morte. Jeremias se defende e escapa de tal
sentença. Aquele que o chamou a essa missão se mostra fiel para com o seu
profeta na Palavra empenhada. Tal qual João Batista no evangelho, só lhe resta
a fé em Deus.
Mateus documenta a triste morte de
João, o Batista, por mão de Herodes. A narrativa tem a intenção de ligar o
futuro martírio de Jesus com o destino de João. “Herodes e João Batista, como
mais tarde Pilatos e Jesus (cf. Jo 18-19), mostram-no com absoluta evidência o
dramático confronto entre poder e verdade, que infelizmente continua
tragicamente a repetir-se na História, ceifando sem parar vidas inocentes. Mas
o que acontece nas altas esferas da sociedade e que facilmente deploramos não
tem uma origem diversa do que acontece na vida ordinária, todas as vezes que
procuramos, com o poder da nossa autodeterminação, ‘matar’ a verdade invocada
pela nossa consciência, ou quando tentamos fazer inclinar a verdade e a
liberdade das pessoas para os nossos interesses, ou quando assistimos
impassíveis às injustiças que se perpetuam mesmo ao nosso lado, para que não
percamos a nossa vida tranquila. O Evangelho de Jesus recorda-nos que o poder
nos torna escravos da opinião comum, condena quem o possui a viver no medo de o
perder (cf. Mt 14,4.9), aprisiona quem não consegue obtê-lo, ao passo que a
verdade é um dom de Deus que alegra o coração e liberta quem a acolhe como
critério de vida (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado –
Paulus).
Pe. João Bosco Vieira Leite