Segunda, 4 de julho de 2016

(Os 2,16-18.21-22; Sl 144[145]; Mt 9,18-26) 
14ª Semana do Tempo Comum.

Esta semana acompanharemos alguns textos do profeta Oséias, uma pequena amostra de sua pregação. Viveu, como Amós, no sec. VIII a. C. no reino do Norte, próspero e iníquo. Não há muitas informações sobre a sua origem, o que o texto nos revela é seu drama familiar. Casado com Gomer, uma mulher que exerce a prostituição sagrada nos ritos pagãos, da qual teve três filhos que têm nome de maldição. Oseias lê na sua vida o drama do amor ferido, ou seja, do amor de Deus pelo seu povo infiel, que é o amor tenaz e incapaz de ceder perante a traição. Assim, o profeta traz à linguagem bíblica uma novidade: a utilização da linguagem do amor esponsal para representar a aliança com de Deus com o povo. A imagem de Deus como parceiro esponsal, originalidade própria de Oseias, irá encontrar atuação plena na condição esponsal de Cristo-esposo anunciado nos evangelhos, nas cartas paulinas e no Apocalipse. Nesse retrato geral é que vamos acompanhar os textos dessa semana. No texto de hoje, acompanhamos um oráculo em que a voz de Deus ressoa no coração da esposa infiel para a seduzir de novo, fazer-lhe reencontrar a frescura do primeiro amor e enche-la de bens. No texto está condensada toda a força do amor esponsal de Deus que, ferido pela traição do seu povo, todavia não desiste, até que tenha reconquistado a Amada. Podemos tomar para nós esse apelo amoroso e insiste de Deus.

Duas curas são relatadas hoje por Mateus, elas acontecem num processo de deslocamento de Jesus, o caminhar, e estão profundamente ligadas à fé em Jesus. O mistério da morte aparece como um sono e a ressurreição é um despertar. O poder de Jesus atinge até a morte. Aquela mulher no meio da multidão acredita que só em tocar em Jesus ela poderá ser curada. “A fé do pai da menina defunta (evangelho): é uma fé aberta, contra toda esperança, contra toda a evidência, perante a morte. A fé da hemorrágica: é a fé de uma pessoa que vence a vergonha e o isolamento em que está envolvida a sua existência, e encontra coragem de se aproximara às escondidas para conseguir misericórdia. Sobre tudo isso, a imagem de Cristo-esposo, prefigurada na experiência de Oséias [...], é o amor esponsal a levar Jesus junto da fraqueza do homem, junto de cada um de nós, para sarar as feridas, para restituir a vida. Este amor esponsal dirige-nos continuamente o seu apelo doloroso a fim de que escutemos a sua voz, acolhamos a sua intimidade, abramos o nosso coração, e ressuscitemos da morte para vida eterna” (“Lecionário Comentado” – Giuseppe Casarin – Paulus).


Pe. João Bosco Vieira Leite