(Os 2,16-18.21-22; Sl 144[145]; Mt 9,18-26)
14ª Semana do Tempo Comum.
Esta semana acompanharemos alguns
textos do profeta Oséias, uma pequena amostra de sua pregação. Viveu, como
Amós, no sec. VIII a. C. no reino do Norte, próspero e iníquo. Não há muitas
informações sobre a sua origem, o que o texto nos revela é seu drama familiar.
Casado com Gomer, uma mulher que exerce a prostituição sagrada nos ritos
pagãos, da qual teve três filhos que têm nome de maldição. Oseias lê na sua
vida o drama do amor ferido, ou seja, do amor de Deus pelo seu povo infiel, que
é o amor tenaz e incapaz de ceder perante a traição. Assim, o profeta traz à
linguagem bíblica uma novidade: a utilização da linguagem do amor esponsal para
representar a aliança com de Deus com o povo. A imagem de Deus como parceiro
esponsal, originalidade própria de Oseias, irá encontrar atuação plena na
condição esponsal de Cristo-esposo anunciado nos evangelhos, nas cartas
paulinas e no Apocalipse. Nesse retrato geral é que vamos acompanhar os textos
dessa semana. No texto de hoje, acompanhamos um oráculo em que a voz de Deus
ressoa no coração da esposa infiel para a seduzir de novo, fazer-lhe
reencontrar a frescura do primeiro amor e enche-la de bens. No texto está
condensada toda a força do amor esponsal de Deus que, ferido pela traição do
seu povo, todavia não desiste, até que tenha reconquistado a Amada. Podemos
tomar para nós esse apelo amoroso e insiste de Deus.
Duas curas são relatadas hoje por
Mateus, elas acontecem num processo de deslocamento de Jesus, o caminhar, e estão
profundamente ligadas à fé em Jesus. O mistério da morte aparece como um sono e
a ressurreição é um despertar. O poder de Jesus atinge até a morte. Aquela
mulher no meio da multidão acredita que só em tocar em Jesus ela poderá ser
curada. “A fé do pai da menina defunta (evangelho): é uma fé aberta, contra
toda esperança, contra toda a evidência, perante a morte. A fé da hemorrágica:
é a fé de uma pessoa que vence a vergonha e o isolamento em que está envolvida
a sua existência, e encontra coragem de se aproximara às escondidas para
conseguir misericórdia. Sobre tudo isso, a imagem de Cristo-esposo, prefigurada
na experiência de Oséias [...], é o amor esponsal a levar Jesus junto da
fraqueza do homem, junto de cada um de nós, para sarar as feridas, para
restituir a vida. Este amor esponsal dirige-nos continuamente o seu apelo
doloroso a fim de que escutemos a sua voz, acolhamos a sua intimidade, abramos
o nosso coração, e ressuscitemos da morte para vida eterna” (“Lecionário
Comentado” – Giuseppe Casarin – Paulus).
Pe. João Bosco Vieira Leite