(At 22,3-16; Sl 116[117]; Mc 16,15-18) Conversão de São Paulo.
“Eu perguntei: ‘Quem és tu, Senhor?’ Ele me respondeu: ‘Eu sou Jesus, o
Nazareno,
a quem tu estas perseguindo’” At 22,8.
“Com sua conversão – que a
Igreja latina, desde o século VI, comemora conjuntamente com a festa litúrgica
deste dia – são Paulo recebeu diretamente de Cristo a missão de evangelizar os
povos. O milagroso evento teve profunda repercussão na história da Igreja. Um
de seus mais ativos perseguidores tornou-se o mais zeloso e incansável
missionário. ‘Não sou digno de ser chamado apóstolo’, escreve sobre si mesmo,
recordando à primeira comunidade cristã os tempos de hostilidade de sua
juventude. Acrescenta, em seguida, com legítima ufania: ‘mais do que qualquer
outro, lutei’. Eis suas credenciais de apóstolo: viu Jesus ressuscitado; pode,
pois, testemunhá-lo; foi chamado e enviado para pregar o Evangelho, como os
outros apóstolos. ‘Quem és, Senhor?’: está implícita na pergunta de Saulo –
caído por terra, por causa da grande luz divina, a caminho de Damasco –, a
prova de sua boa-fé. E a resposta é igualmente repleta de significado: ‘Eu sou
Jesus, a quem tu estás perseguindo’. Foi revelada a Paulo a misteriosa verdade
do Corpo místico da Igreja. A sequência também desvenda o segredo dessa alma
generosa, intolerante àqueles que reputa traidores e hereges: ‘A ti é difícil
recalcitrar contra o aguilhão’. Paulo, de fato, fora atingido pelo ‘aguilhão’
da graça, e aquela profusão de luz, que deixou momentaneamente cego, abriu-lhe
os olhos para a obra redentora de Cristo. O milagre da graça condensara naquele
raio fulgurante toda a teologia paulina – pão substancioso a ser dividido com
os irmãos, oralmente e por escrito. Cada uma das cartas dirigidas às
várias comunidades desenvolve os grandes temas dessa mensagem divina. Em 36,
Saulo estava presente quando foi lapidado o primeiro mártir cristão, Estevão,
mas ele não tomou parte nisso, pois era ainda ‘muito moço’, dizem os Atos dos
Apóstolos. Em 62, Paulo escreve que já era ‘velho’. Daí se pode deduzir que
tenha nascido entre 6 e 10 e tenha sido decapitado em 69 – sua atividade
apostólica desenvolve-se num período de vinte anos, seis dos quais transcorrido
na prisão” (Mario Sgarbosa – Os
santos e os beatos da Igreja do Ocidente e do Oriente –
Paulinas).
Pe. João Bosco Vieira Leite