(1Jo 3,11-21; Sl 99[100]; Jo 1,43-51) Tempo do Natal antes da Epifania.
“Filipe encontrou-se com Natanael e lhe disse: ‘Encontramos aquele de
quem Moisés escreveu na Lei,
e também os profetas: Jesus de Nazaré, o filho de José’” Jo 1,45.
“Agora vêm mais dois que são
mencionados pelo nome: Filipe e Natanael. Natanael significa dom de Deus. Jesus
o chama de ‘verdadeiro israelita no qual não há fingimento’ (1,47). É muito
provável que a intenção dessa passagem seja agradar aos leitores judeus. O
verdadeiro israelita é seguidor de Jesus. Os judeus, que ganham depois uma
imagem tão ruim no evangelho de João, abandonaram – segundo João – a sua fé
original. Jesus impressiona Natanael pelo conhecimento de seu caráter e de seu
ser. O israelita sem fingimento vê seu íntimo revelado. Jesus menciona a
figueira sob a qual o viu estudando a Torá e onde deve ter tido uma experiência
espiritual profunda. Com essa observação, Jesus revela a Natanael que conhece
perfeitamente o ser humano, que não precisa das informações de outros sobre sua
pessoa. Jesus conhece cada um e vê a profundeza de seu coração. Esse
conhecimento de Jesus fascina Natanael a tal ponto que exclama: ‘Rabi, tu és o
Filho de Deus, tu és o rei de Israel’ (1,49). Com essa confissão, o
conhecimento dos discípulos atinge seu auge. O verdadeiro israelita reconhece
em Jesus o Filho de Deus. Natanael é um símbolo de todo cristão. Não podemos
nos aproximar de Jesus, sem que ele veja o nosso íntimo, sem que nos vejamos
confrontados com a nossa própria verdade. No contato com Jesus, afirma
Bultmann, a própria existência fica transparente e manifesta para aquele que
crê” (Anselm Grüm – Jesus:
Porta para a Vida – Loyola).
Pe. João Bosco Vieira Leite