(Is 50,4-9; Sl 68[69]; Mt 26,14-25)
Semana Santa.
“Ofereci as costas
para me baterem e as faces para me arrancarem a barba:
não desvie o rosto e
bofetões e cusparadas” Is 50,6.
“O ser humano é, por
natureza, vingativo. A sociedade em que vivemos impulsiona ainda mais este
sentimento através de mídias. Levar o desaforo para casa é para fracos, como
muitos pensam e vivem. Infelizmente, o natural para tantas vidas é sempre
revidar, ter a última palavra, devolver na mesma moeda, retribuir ofensas. Mas
teve alguém que quebrou este discurso, este hábito, esta prática. Alguém que
ensinou a oferecer o outro lado da face quando um tapa for dado. Alguém que
ensinou a amar os inimigos. Alguém que ensinou a fazer o bem a quem faz o mal.
Jesus. Seu amor quebra e reconstrói a forma de viver. Ele mesmo, como Deus, fez
isto e cumpriu a profecia: ‘entreguei minhas costas aos que me batiam, e minhas
faces aos que me arrancavam a barba; não escondi o rosto aos ultrajes e às
cuspidas’ (Is 50,6). Assim Jesus foi Deus conosco, de maneira humilde, semeando
amor onde havia rancor. Ficou quieto, como uma ovelha levada ao matadouro.
Suportou as piores dores. Poderia agir como Deus poderoso, mas, por nós, aguentou
todo o sofrimento. Graças a este sacrifício vicário de Cristo na cruz, temos
salvação. Quando cremos nisto, o amor de Jesus invade nosso estilo natural de
revidar e ser vingativo. Somos pequenos cristos para o próximo. Assim como
Cristo amou os difíceis de amar, somos convidados a amar os que são difíceis de
amar. Estender a mão ao inimigo. Reconstruir um relacionamento quebrado e
difícil. Revidar com palavras pacíficas os discursos ofensivos e vingativos.
Ser cristão é ser diferente, é ser moldado pelo amor de Cristo. Amor que ama os
inimigos. Amor que aprendemos de Jesus, o qual se sacrificou para nossa
salvação. – Senhor Jesus, obrigado por ter sofrido em meu lugar.
Poderias ter desistido, mas ficou firme, até a morte na cruz. Minhas culpas
foram pagas por ti. Ensina-me a amar e viver como Tu, Senhor. Amando o inimigo,
quebrando o triste costume da nossa sociedade de pagar violência com violência.
Por ti, Senhor. Amém!” (Bruno Arnaldo Krüger Serves –
Meditações para o dia a dia [2017] – Vozes).
Pe. João Bosco Vieira Leite