(Is 43,16-21; Sl 125[126]; Fl 3,8-14; Jo 8,1-11)
1. Aproveitando que o nosso evangelho
de hoje está ligado ao tema de nossa CF 2022, vou recolher alguns pontos do
texto base para nossa reflexão. Esse episódio da vida de Jesus manifesta o seu
amor e a sabedoria.
2. Estamos em Jerusalém, no Templo,
durante a chamada festa das Tendas. Durante essa festa, Jesus pernoitava no
monte das Oliveiras. Terminada a festa, Jesus volta ao Templo e ocupa um dos
lugares onde os mestres costumavam ensinar. Forma-se um círculo de ouvintes e
logo Jesus é interrompido pelos fariseus.
3. Trazem-lhe uma mulher apanhada em
adultério. Só a mulher. Pedem que Jesus se pronunciasse sobre o caso e desse
uma sentença. Algo está errado, pois a Lei previa que tanto o homem como a
mulher fossem apedrejados até a morte (Dt 22,22).
4. Mas tudo não passa de um circo, pois
não faltavam juízes em Jerusalém para aplicar a Lei. Querem testar Jesus,
colocá-lo a prova, já que falava tanto de amor e caridade, e isso os
incomodava. A mulher não tinha direito de tomar a palavra em público, só que
erraram em não trazer a outra parte.
5. Jesus, em sua sabedoria, leva os
anciãos e fariseus a reconhecerem a sua mesquinhez. Como quem reflete, começa a
escrever com o dedo no chão, para depois propor a frase lapidar: ‘Quem dentre
vós não tiver pecado seja o primeiro a atirar-lhe uma pedra’. Jesus volta a
escrever no chão, enquanto os acusadores se retiram depois de julgarem a si
mesmos.
6. Ali permanecem os dois: Jesus e a
mulher, a pecadora e o salvador, a miséria e a misericórdia. Ele permite que
ela fale, num breve diálogo. Então ressoa a sentença de Jesus: ‘Eu também não
te condeno. Vai, e de agora em diante, não peques mais’. Mas a misericórdia não
lhe é concedida passivamente. Jesus lhe indica um caminho novo para a vida.
7. É nesse momento final que se concentra
a arte do nosso cartaz (as pedras estão ali, deixadas...), direcionando o nosso
olhar para Jesus, cuja cabeça está emoldurada, centro da nossa fé. A mulher, em
destaque, coloca-se numa atitude de escuta, com desejo de percorrer uma vida
nova que brota da cruz.
8. A cabeça da mulher encontra-se aos
pés da cruz que se delineia suavemente ao fundo do cartaz. Duas cores
predominam na imagem: verde e laranja. A cor verde recorda o que é vivo e a cor
laranja instiga à fidelidade criativa, próprio do seguimento.
9. Jesus e a mulher repousam a mão no
coração, gesto que reflete a interação pedagógica de quem ensinou e de quem
aprendeu. Sobre o peitoral de Jesus, um pequeno coração em cor vermelha,
símbolo do gesto misericordioso e educador refletido na arte.
10. A CF nos convoca a pensar na
integralidade da educação que perpassa todos os aspectos da vida humana e a
aprender com Cristo a falar com sabedoria e ensinar com amor.
11. O Evangelho nos leva a pensar em
como agimos diante de certas realidades conflitivas. Jesus procura escutar em
silêncio o que dizem. Depois, em diálogo, conduz pedagogicamente todas as
partes envolvidas para que sintam e reflitam sobre as fragilidades humanas, às
quais todos estão sujeitos. Quando todos aprendem a complexidade da própria
situação em que estão envolvidos, as atitudes e as realidades se transformam.
Seria algo a aprendermos?
Pe. João Bosco Vieira Leite