(Jr 20,10-13; Sl 17[18]; Jo 10,31-42)
5ª Semana da Quaresma.
“Por que me acusais
de blasfêmia quando eu digo que sou Filho de Deus,
eu, a quem o Pai
consagrou e enviou ao mundo?” Jo 10,36.
“A intimidade que
Jesus mostrava ter com seu Pai constituía o ponto central do atrito com seus
adversários. Na história de Israel, pontilhada de pessoas piedosas, jamais
alguém havia manifestado estar tão próximo de Deus, como Jesus afirmava estar.
Por isso, seus adversários não sabiam como trata-lo. Preferiram apedrejá-lo,
para se verem livres de sua presença incômoda. E isto, não porque Jesus fosse
arrogante e orgulhoso, e se prevalecesse de um poder que as outras pessoas não
possuíam. Em verdade, ele não exigia para si um tratamento especial, por sua
condição divina, nem tinha ambições políticas de tomar o poder, e submeter o
povo a seus caprichos. Pelo contrário, o projeto de Jesus opunha-se a tudo
isso. O Mestre irritava seus adversários, porque se recusava a aderir a uma das
facções religiosas existentes. Pelo contrário, criticava-se e denunciava-lhes
as incoerências. E tais denúncias eram feitas com uma autoridade, até então,
desconhecida, que Jesus atribuía ao Pai. Por outro lado, seus adversários
pensavam estar agindo perfeitamente de acordo com a vontade de Deus.
Consequentemente, não podiam aceitar que alguém, invocando a autoridade divina
na condição de Filho, pudesse lançar-lhes em face acusações tão severas. A
situação de Jesus era extremamente perigosa diante de seus adversários.
Entretanto, não teve medo de enfrenta-los, mesmo sabendo que podia ser
eliminado por eles. – Espírito do Filho, livra-me da dureza de coração,
que não me deixa reconhecer a filiação divina de Jesus” (Pe. Jaldemir
Vitório, sj – O Evangelho nosso de Cada Dia [Ano C] -
Paulinas).
Pe. João Bosco Vieira Leite