Sábado, 30 de abril de 2022

(At 6,1-7; Sl 32[33]; Jo 6,16-21) 

2ª Semana da Páscoa.

“Os discípulos tinham remado mais ou menos cinco quilômetros quando enxergaram Jesus andando sobre as águas e aproximando-se da barca. Mas Jesus disse: ‘Sou eu. Não tenhais medo’” Jo 19-20.

“Navegadores antigos, povos do passado, nativos, tribos, lendas e tradições colocam o abismo das águas como o mítico lugar do medo, do mal, dos monstros ferozes da imaginação, daquela coisa ruim que se quer sepultar num lugar qualquer. O humano sempre quer encontrar um lugar para seus temores e a profundidade dos rios e mares guardam tantas histórias de morte, desparecimento, de assombrações. Ter medo é ver coisa, ver sombras, fantasmas. O pavor ofusca ou faz fantasiar demais. A insegurança tira a nitidez de saber ver, de conhecer, de trazer para bem perto. Por isso o medo manda ou para o abismo ou para os sótãos. No mundo dos nossos pavores construímos muitos muros altos, guaritas com sentinelas, matilhas de cães de guarda; por detrás disto tudo fugimos num isolamento com medo de qualquer proximidade. ‘Sou eu, não tenhais medo!’ Lá vem Jesus andando sobre o abismo das águas, passando por cima de todo mal. Quem vive como Ele caminha por cima das dificuldades com tranquilidade. Quem tem medo afunda, quem não tem anda. As neuroses não permitem que se vá muito longe. A serenidade existencial desliza leve pela turbulência da vida. Caminhemos sobre as ondas convulsivas da nossa época com muita coragem e determinação! Não nos deixemos tragar pelo vazio de tudo. Curtir tragédias é gostar de enrosco. A vida não é um buraco tenebroso. – Senhor Jesus, ensina-nos a caminhar sobre os conflitos da vida. Que sua Palavra seja nossa coragem e força. Que seu exemplo seja nosso melhor caminho. Amém” (Vitorio Mazzuco Filho – Graças a Deus [1995] – Vozes).       

Pe. João Bosco Vieira Leite