(At 6,1-7; Sl 32[33]; Jo 6,16-21)
2ª Semana da Páscoa.
“Os discípulos tinham
remado mais ou menos cinco quilômetros quando enxergaram Jesus andando sobre as
águas e aproximando-se da barca. Mas Jesus disse: ‘Sou eu. Não tenhais medo’” Jo 19-20.
“Navegadores antigos,
povos do passado, nativos, tribos, lendas e tradições colocam o abismo das
águas como o mítico lugar do medo, do mal, dos monstros ferozes da imaginação,
daquela coisa ruim que se quer sepultar num lugar qualquer. O humano sempre
quer encontrar um lugar para seus temores e a profundidade dos rios e mares
guardam tantas histórias de morte, desparecimento, de assombrações. Ter medo é
ver coisa, ver sombras, fantasmas. O pavor ofusca ou faz fantasiar demais. A
insegurança tira a nitidez de saber ver, de conhecer, de trazer para bem perto.
Por isso o medo manda ou para o abismo ou para os sótãos. No mundo dos nossos
pavores construímos muitos muros altos, guaritas com sentinelas, matilhas de
cães de guarda; por detrás disto tudo fugimos num isolamento com medo de
qualquer proximidade. ‘Sou eu, não tenhais medo!’ Lá vem Jesus andando sobre o
abismo das águas, passando por cima de todo mal. Quem vive como Ele caminha por
cima das dificuldades com tranquilidade. Quem tem medo afunda, quem não tem
anda. As neuroses não permitem que se vá muito longe. A serenidade existencial
desliza leve pela turbulência da vida. Caminhemos sobre as ondas convulsivas da
nossa época com muita coragem e determinação! Não nos deixemos tragar pelo
vazio de tudo. Curtir tragédias é gostar de enrosco. A vida não é um buraco
tenebroso. – Senhor Jesus, ensina-nos a caminhar sobre os conflitos da
vida. Que sua Palavra seja nossa coragem e força. Que seu exemplo seja nosso
melhor caminho. Amém” (Vitorio Mazzuco Filho – Graças
a Deus [1995] – Vozes).
Pe. João Bosco Vieira Leite