(At 4,1-12; Sl 117[118]; Jo 21,1-14)
Oitava de Páscoa.
“Jesus disse-lhes:
‘Lançai a rede à direita da barca e achareis’. Lançaram, pois, a rede e não
conseguiam puxá-la para fora, por causa da quantidade de peixes” Jo 21,6.
“A ressurreição de
Jesus começava a dar sinais de mudança no comportamento dos discípulos.
Incrédulos, os discípulos foram ao túmulo na manhã da Páscoa, ocasião em que os
anjos foram incisivos com eles: ‘Por que procurais entre os mortos o que vive?
Cristo não está mais aqui, mas ressuscitou, como havia dito!’ Agora, mesmo
diante do inusitado da ordem, eles, especialistas em pesca, lançaram as redes
na mais improvável das esperanças, porque Cristo ‘havia dito’. Conhecendo-se a
natureza humana, a reação espontânea dos discípulos reserva ponderações
interessantes. Diante de duas ordens, Páscoa e pesca, emanadas do mesmo Jesus,
apesar das destinações diferentes, produzem duas atitudes absolutamente
opostas: a ressurreição, improvável na mente e no coração dos discípulos,
porque tem a ver com a condição espiritual, ‘produz medo e tranca as portas’,
enquanto que a pesca, improvável para os experientes pescadores, produz os
peixes, porque tem a ver com a condição humana. É fácil de se perceber isto nas
propagandas neopentecostais: Qual o grande pregador midiático que convida os
espectadores para uma grande concentração de fé com o tema da ressurreição e da
vida eterna? O comum é aproveitar a grande exposição que a mídia oferece para encantar
os espectadores com a promessa de curas e outros milagres. Da pesca
maravilhosa, outra reflexão: só existe milagre em resposta à promessa/ordem de
Jesus, produza a fé/esperança, se dá por meio de trabalho/comunidade, e produz
resultados/beneficiários. Os milagres não são um fim em si mesmos, mas um meio
para a Palavra de Deus produzir os frutos que, entre outros, visam à festa do
Salvador com os seus discípulos, como no texto. - Senhor, que a tua
ressurreição seja um poder e mude o comportamento dos teus fiéis,
transformando-os em discípulos eficientes para aproximar as pessoas de ti. Amém” (Augusto Jacob
Grün – Meditações para o dia a dia [2015] – Vozes).
Pe. João Bosco Vieira Leite