(Is 52,13—53,12; Sl 30[31]; Hb 4,14-16; 5,7-9; Jo 18,1—19,42)
Paixão do Senhor.
“Jesus, ao ver sua
mãe e, ao lado dela, o discípulo que amava, disse à mãe: ‘Mulher, este é o teu
filho.
Depois disse ao
discípulo: esta é tua mãe. Desta hora em diante, o discípulo a colheu consigo” Jo 19,26-27.
“Independente de
terem sido a mãe o discípulo amado os destinatários da preocupação de Cristo,
soa grandioso no Salvador a atenção para com os sofredores numa hora tão
dolorosa como a que estava passando, pendurado na cruz. Aliás, é marcante que
na sociedade de injustiças sociais em que vivemos, que não só a desatenção aos
necessitados, como assistimos a cada nova tragédia, são os que mais sofrem os
que são sempre os primeiros a partilhar o pouco que têm, mesmo com estranhos. A
solidariedade entre os pobres é comovedora. E este parece ser o quadro no
episódio de Jesus com sua mãe e o discípulo amado. É bom lembrar que Jesus
havia passado pela cruel experiência de ter sido abandonado pelos seus próprios
discípulos. E não só. Havia se sentido abandonado pelo próprio Pai Celeste.
‘Deus meu, por que me abandonaste?’, é uma profecia do Sl 22, e esta profecia é
completada com esta preciosidade: ‘Então os pobres se alegrarão’. Qual seria a
razão para este ‘estranho mundo dos pobres’? A sua capacidade de ver. O nosso
texto começa justamente com essa afirmação: ‘Vendo...’ E a segunda razão para
este ‘estranho mundo dos pobres’ é a capacidade de ‘estar perto’, como
igualmente diz o nosso texto. E uma terceira razão para este ‘estranho mundo
dos pobres’ é que somos uma humanidade/comunhão, ‘mulher/mãe/discípulo/filho’.
Não sabemos se este era o sentido que João desejou dar a este episódio tão
pessoal e particular, quando escreveu seu Evangelho. Mas não se trata de
exagero fazer deste texto um ensinamento geral tão extraordinário para a
Cristandade e para a sociedade humana. – Senhor, que os pobres nos
lembrem sempre as lições de ver e estar perto dos necessitados, para que
possamos transformar nossa sociedade em uma humanidade/comunhão. Pelo exemplo
de Cristo. Amém” (Augusto Jacob Grün – Meditações para o dia a dia [2015]
Vozes).
Pe. João Bosco Vieira Leite