(Jr 1,4-5.17-19; Sl 70[71]; 1Cor 12,31—13,13; Lc 4,21-30)
4º Domingo do Tempo Comum – Ano C.
“Todos davam
testemunho a seu respeito, admirados com as palavras cheias de encanto que
saíam da sua boca. E diziam: ‘Não é este o filho de José?’” Lc 4,22.
“Jesus não se deixou
levar por um otimismo ingênuo, enquanto exercia seu ministério. Juntamente com
a euforia e a empolgação populares, diante de seus gestos de poder, havia
também a crítica contumaz de seus adversários. Não só! Seus conterrâneos de
Nazaré viam com suspeita o que acontecia em torno dele, e se opunham a tudo
aquilo. A experiência dos antigos profetas de Israel ajudou Jesus a compreender
que sua situação não era novidade para ele. O povo costumava rejeitar os
profetas enviados por Deus, para chama-los à conversão. Assim aconteceu com os
grandes profetas: Elias e Eliseu. Portanto, o desprezo sofrido por Jesus podia,
de certa forma, ser esperado. No caso dele, porém, a rejeição resultou de um
preconceito, pelo fato de ser ‘filho de José’. Logo uma pessoa assaz conhecida.
Contudo, a raiz do fechamento diante da pregação dos profetas está, principalmente,
na recusa de acolher o seu apelo à conversão. O povo prefere continuar no
caminho fácil do pecado e da infidelidade, a submeter-se à mudança de vida,
como Deus quer. Ou então, calar a voz incômoda que o questiona, a deixar-se
tocar por ela. Os habitantes de Nazaré preferiram esse caminho fácil, e
tentaram precipitar Jesus do alto de um monte. Ele, porém, sem se intimidar,
passando pelo meio deles, prosseguiu seu caminho. Desta forma, não se deixou
bloquear pelo desprezo dos seus próprios contemporâneos. – Espírito de
realismo, que eu saiba contar sempre com a possibilidade de ser desprezado e
rejeitado, sem, por isso, fugir da missão a mim confiada” (Pe. Jaldemir
Vitório, sj – O Evangelho nosso de Cada Dia [Ano C] -
Paulinas).
Pe. João Bosco Vieira Leite