(2Sm 15,13-14.30; 16,5-13; Sl 3; Mc 5,1-20)
4ª Semana do Tempo Comum.
“O espírito impuro
suplicou, então: ‘Manda-nos para os porcos, para que entremos neles’” Mc 5,12.
“A partir desse
ponto, a história toma um rumo inusitado. Os demônios suplicam a Jesus que não
os expulse da região, mas que os mande entrar na vara de porcos que está
pastando por perto. Jesus lhes faz a vontade, e todos os porcos se precipitam
no mar, onde morrem afogados. Para um judeu, os porcos são animais impuros. Os
discípulos de Jesus devem ter ficado contentes com a morte de tantos porcos.
Interpretando o fato simbolicamente, poderíamos concluir: toda a impureza que
se acumulou no doente passa para os porcos. Uma vez exteriorizada, a impureza
deixa de tiranizar a alma. A impureza entra na água. A água é um símbolo do
inconsciente. Quando a impureza é exteriorizada, seja por meio de palavras seja
num desenho feito pelo doente, ela perde o poder sobre o inconsciente, turvando
e dominando a partir dele o nosso agir e pensar consciente. A vara de porcos é
tudo o que os pastores possuem. Eles se orgulham de seu patrimônio. Mas
de tanto se preocupar com seus porcos negligenciaram os cuidados com o homem;
talvez esteja aí a raiz de sua demonização. Às vezes, o filho só pode sarar
quando o pai abandona todos os seus bens ou, pelo menos, deixa de lado as
preocupações materiais, para dedicar-se novamente ao filho. Uma família
preocupada exclusivamente com as ‘posses’ muitas vezes não percebe o mal que
isso causa no filho ou à filha. Talvez vivam até frequentando consultórios
médicos e gastando muito dinheiro para devolver a saúde ao filho. Mas não é o
dinheiro que eles gastam com os médicos que vai curar o filho, e sim o dinheiro
do qual se desfazem e do qual se distanciam interiormente” (Anselm Grün
– Jesus, Caminho para a Liberdade – Loyola).
Pe. João Bosco Vieira Leite