(2Sm 1,1-4.11-12.19.23-27; Sl 79[80]; Mc 3,20-21)
2ª Semana do Tempo Comum.
“Jesus voltou para
casa com seus discípulos. E de novo se reuniu tanta gente, que eles nem sequer
podiam comer. Quando souberam disso, os parentes de Jesus saíram para
agarrá-lo, porque diziam que estava fora de si” Mc 20-21.
“A primeira impressão
que esta passagem nos passa é que a pessoa de Jesus e seu comportamento devem
ter sido muito chocantes, a ponto de até seus familiares o considerarem
‘louco’. O que terá feito Cristo para eles chegarem a esta desconfiança?
Aparentemente, nada de especial, para nós, que estamos há dois mil anos
daqueles acontecimentos. Na verdade, no entanto, o comportamento de Jesus
despertava admiração do povo – que não o deixava nem em paz para tomar as
refeições! - e temor dos seus – que olhavam com muita preocupação. As passagens
que antecedem e justificam a admiração do povo e o temor de seus familiares
foram as seguintes: Ele, enfrentando os fariseus e donos da religião de seu
tempo, declarava-se senhor do sábado e se igualava a Deus; Ele curava os
doentes e comia, sem medo, com os pecadores; ensinava como quem tem autoridade
e perdoava os pecados; discutia com os doutores da Lei e estabelecia novos
padrões de comportamento social e religioso: o Reino dos Céus, anunciava, veio
para os pobres e os que não aceitassem sua pregação já estariam condenados.
Diante de Deus, dizia, de nada valem os méritos humanos. A salvação é obra do
Pai e só os que seguissem seu Filho seriam salvos. Tudo isto pareceu muito
louco até para seus familiares que procuravam agarrá-lo. Graças a Deus, Jesus não
estava louco. Pelo contrário. A loucura do amor de Deus é força e sabedoria de
salvação para nós que somos lógicos como gregos, prezamos o poder como os
romanos e buscamos prodígios e prestígios como os judeus. A lógica de Deus é
outra e com esta lógica a temos que nos afinar, para sermos verdadeiros
discípulos de Cristo e do Reino. – Senhor Deus, grande e bom, dai-nos
vossa sabedoria e diminuí nossa lógica carnal que nos faz presunçosos e
pequenos. Enchei-nos de vossa graça e da alegria do vosso Reino. Amém” (Neylor J.
Tonin – Graças a Deus [1995] – Vozes).
Pe. João Bosco Vieira Leite