(1Ts 5,1-6.9-11; Sl 26[27]; Lc 4,31-37)
22ª Semana do Tempo Comum.
“Todos vós sois
filhos da luz e filho do dia. Não somos da noite nem das trevas” 1Ts 5,5.
“A perspectiva de
onde você olha determina o que você vê. Esse princípio, aliás, está na Teoria
da Relatividade, de Einstein. Dentro, pois, desse esquema podemos também
considerar a doutrina do fim do mundo. Para muitos é realmente o fim. Para
outros pode ser o princípio de algo novo muito superior àquilo que já existe.
Qual, então, o critério, a melhor perspectiva? O Apóstolo Paulo estabelece como
tal a filiação, pois a filiação ao velho significa realmente o fim e ao novo, o
recomeço – não que o velho não possa ser renovado, mas porque o velho significa
em nosso caso a total alienação e oposição em relação à luz. Qual, então, a
filiação que têm os cristãos? Os cristãos são filhos da Luz. É interessante
notar que a palavra ‘luz’, ‘dia’ e ‘ver’ estão relacionados etimologicamente
com a noção do divino. Ver em grego é ‘theoreín’, daí a palavra ‘theos’, deus.
Dia em latim é ‘dies’, que também origina o termo ‘deus’. Por isso, o deus
supremo da mitologia romana se chama Júpiter e na ariano-hinduísta, Dyaus
Pitar, em ambos os casos, Deus Pai. Se, pois, somos filhos da Luz, não somos
apenas em abstrato, não o somos apenas como ‘iluminados’. Somos
‘trans-formados’, ‘re-generados’, ‘re-criados’ como filhos de Deus no processo
que passa pelo sangue na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo e pelo testemunho do
Espírito Santo em nossos corações. Em suma: o que nos torna filhos da Luz é a
graça e o amor a Deus. Com essa recriação, novos impulsos e novos desejos
surgem em nós, os quais vão, por sua vez, iluminar a esperança de um novo céu e
uma nova terra e apagar para sempre aquilo que já está apagado: as trevas, a
escuridão, o egoísmo, o pecado, a alienação em relação a Deus. – Senhor
Deus, filhos da Luz nós somos e cremos nessa filiação porque Tu te declaraste
como Pai. Como filhos, pedimos-te mais uma coisa: dá-nos o poder do Espírito
Santo para vivermos como luz neste mundo em que predominam as trevas do
egoísmo. Amém!” (Martinho Lutero Hoffmann – Meditações para o dia a dia [2015]
Vozes).
Pe. João Bosco Vieira Leite