Sábado, 07 de agosto de 2021

(Dt 6,4-14; Sl 17[18]; Mt 17,14-20) 

18ª Semana do Tempo Comum.

“Jesus respondeu: ‘Ó gente sem fé e perversa! Até quando deverei ficar convosco? Até quando os suportarei? Trazei aqui o menino’” Mt 17,17.

“São palavras duras, pronunciadas por Cristo, manifestando a estranheza pela pouca fé das pessoas. Desta vez, suas palavras chegam a denotar impaciência e repreensão. As circunstâncias ajudam a compreender a situação. Jesus acabara de descer do Monte Tabor, onde tinha experimentado o encantamento de sua transfiguração, na companhia de Moisés e Elias, e envolto na nuvem de onde saiu a voz amorosa do Pai. Agora, ele experimentava o contraste. No alto da montanha, a beleza do horizonte, da brisa suave, a luz a brilhar. Embaixo, a chatice da planura, o sufoco do calor, as discussões dos discípulos. Não era de estranhar que o Cristo manifestasse seu desconforto. Desta vez, a diferença entre a montanha e a planície parecia espelhar um contraste permanente, vivido por Cristo. Como ‘Filho de Deus’, cultivava a intimidade com o Pai, no mútuo amor do Espírito. Como Filho do Homem, experimentava os limites humanos, assumidos como decorrência de sua encarnação. Desta vez, a incapacidade dos discípulos de curarem um pobre menino, a pouca fé do povo que tinha procurado os discípulos, parecia que a dimensão humana tinha extravasado e passado dos limites. Ao mesmo tempo, Ele parece também extravasar para dentro da humanidade seu poder de Criador e de Filho de Deus. E passa a garantir que se tiverem fé como um grão de mostarda transportarão até montanhas. E afirma categoricamente: ‘nada vos será impossível’. Assumindo nossa condição humana, Cristo nos associa à sua condição divina, colocando a serviço de nossa salvação o seu poder eterno. – Senhor, pelo mistério da encarnação vos tornaste humano, e nos fizestes participar de vossa condição divina. Renovai para nós o dom da fé, para dispormos de vosso poder, e colocá-lo a serviço de nossa salvação. Amém!” (Dom Luís Demétrio Valentini – Meditações para o dia a dia [2015] Vozes).  

   Pe. João Bosco Vieira Leite