(Dt 6,4-14; Sl 17[18]; Mt 17,14-20)
18ª Semana do Tempo Comum.
“Jesus respondeu: ‘Ó
gente sem fé e perversa! Até quando deverei ficar convosco? Até quando os
suportarei? Trazei aqui o menino’” Mt 17,17.
“São palavras duras,
pronunciadas por Cristo, manifestando a estranheza pela pouca fé das pessoas.
Desta vez, suas palavras chegam a denotar impaciência e repreensão. As
circunstâncias ajudam a compreender a situação. Jesus acabara de descer do
Monte Tabor, onde tinha experimentado o encantamento de sua transfiguração, na
companhia de Moisés e Elias, e envolto na nuvem de onde saiu a voz amorosa do
Pai. Agora, ele experimentava o contraste. No alto da montanha, a beleza do horizonte,
da brisa suave, a luz a brilhar. Embaixo, a chatice da planura, o sufoco do
calor, as discussões dos discípulos. Não era de estranhar que o Cristo
manifestasse seu desconforto. Desta vez, a diferença entre a montanha e a
planície parecia espelhar um contraste permanente, vivido por Cristo. Como
‘Filho de Deus’, cultivava a intimidade com o Pai, no mútuo amor do Espírito.
Como Filho do Homem, experimentava os limites humanos, assumidos como
decorrência de sua encarnação. Desta vez, a incapacidade dos discípulos de
curarem um pobre menino, a pouca fé do povo que tinha procurado os discípulos,
parecia que a dimensão humana tinha extravasado e passado dos limites. Ao mesmo
tempo, Ele parece também extravasar para dentro da humanidade seu poder de Criador
e de Filho de Deus. E passa a garantir que se tiverem fé como um grão de
mostarda transportarão até montanhas. E afirma categoricamente: ‘nada vos será
impossível’. Assumindo nossa condição humana, Cristo nos associa à sua condição
divina, colocando a serviço de nossa salvação o seu poder eterno. – Senhor,
pelo mistério da encarnação vos tornaste humano, e nos fizestes participar de
vossa condição divina. Renovai para nós o dom da fé, para dispormos de vosso
poder, e colocá-lo a serviço de nossa salvação. Amém!” (Dom Luís
Demétrio Valentini – Meditações para o dia a dia [2015]
Vozes).
Pe. João Bosco Vieira
Leite