(Js 24,1-13; Sl 135[136]; Mt 19,3-12)
19ª Semana do Tempo Comum.
“De modo que eles já
não são dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus uniu, o homem não separe”
Mt 19,6.
“A preocupação com o
casamento é permanente. Sempre haverá ‘questões disputadas’, que reaparecem em
roupagem diferente, mas se referem sempre a este complicado assunto do
casamento, com suas variadas implicações. Por ser complicado, o assunto se
prestava bem aos fariseus que queriam apanhar Jesus em alguma declaração
inconveniente. Jesus não se furta de enfrentar o assunto, e lançar sobre ele
uma luz que pode ser muito preciosa nestes tempos em que a própria Igreja é
intimada a rever seu posicionamento face a problemática que vive hoje a
família. Perguntado se o homem podia dar à mulher uma ‘carta de divórcio’,
Jesus começa sua resposta perguntando o que dizia a Lei. O casamento, portanto,
é um assunto que precisa ser regulado por Lei. É muito compreensível que haja
legítimas diferenças entre as legislações estabelecidas. Mas o ensinamento de
Jesus nos oferece critérios muito preciosos para situar bem a complicada
questão do casamento. De um lado, Ele coloca, de maneira firme e contundente, o
que Deus estabeleceu desde o princípio: pelo casamento, homem e mulher deixam
de ser dois, para serem uma só carne. E faz sua famosa afirmação: ‘portanto,
não separe o homem o que Deus uniu’. Ele coloca o princípio, que permanece
válido. Mas uma coisa é o princípio, que reflete a perfeição. Outra coisa são
as limitações humanas, que condicionam a realização do casamento. ‘Foi por
causa da dureza de vossos corações que Moisés o permitiu’. Portanto, no
casamento, entra em cena tanto o princípio que expressa a perfeição como a
constatação realista dos limites humanos. Mas o espaço para a perfeição do
casamento permanece aberto. Vale também para os casados o apelo do Evangelho:
‘sede perfeitos como vosso Pai é perfeito!’ – Senhor, pedimos-vos que a
vossa graça sustente no amor os que uniram suas vidas pelo casamento. Assim
seja!” (Wilson João Sperandio – Graças a Deus [1995] –
Vozes).
Pe. João Bosco Vieira Leite