(Nm 11,4-15; Sl 80[81]; Mt 14,13-21)
18ª Semana do Tempo Comum.
“Jesus, porém, lhes
disse: ‘Eles não precisam ir embora. Dai-lhes vós mesmo de comer!’” Mt 14,16.
“Nossa vida é uma
mistura de céu e terra. Uma mistura de graça de Deus e de esforço humano. Uma
mistura de contar com a força de Deus e com nossas forças humanas. Em um
momento Jesus diz: ‘sem mim vocês não podem fazer nada’. Diante da realidade de
um povo cheio de fome fala: ‘vocês mesmos deem um jeito para que este povo
tenha comida’. Deus coloca este mundo nas mãos da humanidade. Já fez o grande
milagre. Distribuiu para os pássaros do céu, para os animais da terra e da água
o sustento necessário. Todos conseguem viver naturalmente, a não ser que a mão
do homem interfira em seu meio ambiente. Somente o homem pode estragar o
equilíbrio. Vivemos uma humanidade onde grande parte dela passa fome. Muitas
são as mãos que erguem ao céu pedindo pão. Muitos são os rostos famintos que
escandalizam qualquer coração que bate no ritmo do coração de Deus. Deus age
através das pessoas. Através dos corações humanos que devem viver a justiça.
Nossa realidade é um contraste. Um grupo pequeno é dono desta enorme terra. A
grande multidão luta para sobreviver ou vive com o mínimo necessário. A
tentação é dizer: ‘Deus tem que dar um jeito...’ ‘Deus é injusto, criou esta
humanidade e não lhe concede o pão de cada dia...’ ‘Deus é todo-poderoso, tem
que dar um jeito...’ ‘Esse problema é com Deus!’ Não foi Deus que estragou esta
terra. Foram os corações gananciosos que acumularam e esconderam os alimentos.
‘Aprendam a dividir. Aprendam a perceber que todos têm direito à alimentação.
Tudo é de todos. Façam justiça. Comecem a organizar-se. A solução está em
vocês’. Esse é o pedido de Jesus Cristo. – Ó Deus, em cada vez que eu
reze o Pai-Nosso, possa sentir que o pão é de todos. Libertai-me do acúmulo.
Libertai-me da ganância. Iluminai os corações para que saibam repartir. Saibam
perceber que todo ser humano tem os mesmos diretos à vida, e vida digna. Que eu
saiba rezar muito mais ‘pão nosso, do que pão meu’. Amém” (Wilson João
Sperandio – Graças a Deus [1995] – Vozes).
Pe. João Bosco Vieira Leite