(Js 3,7-11.13-17; Sl 113A[114]; Mt 18,21—19,1)
19ª Semana do Tempo Comum.
“É assim que o meu
Pai que está nos céus fará convosco se cada um não perdoar de coração ao seu
irmão”
Mt 18,35.
“Sempre que se fala e
se necessita do perdão, olho para a cruz. Nela compreendo a necessidade do
perdão. Se Deus, em sua grandeza e superioridade, em sua perfeição e
autossuficiência, abre seu coração e diz: ‘Pai, perdoai...’ Por que não
assumirmos nós o perdão? Nós que somos frágeis? Nós que somos fracos como toda
criatura humana? Nós que não podemos acusar ninguém porque somos feitos do
mesmo barro? O perdão é o grande gesto do amor. Quem ama perdoa. Somente quem
ama perdoa. É o desprendimento de si. É a distribuição do egoísmo. É a
capacidade de formar um ‘nós’, que supere a supremacia do ‘eu’. O perdão não
acontece até que o ‘eu’ for mais poderoso do que o ‘nós’. Jesus coloca uma
condição. Perdoar de todo o coração. Geralmente colocamos condições. Não há
condições para o perdão como não há condições para o amor. A condição é sempre
querer um retorno. É querer sempre receber porque se fez o gesto de dar.
Perdoar é o gesto de amor de ‘mim’ para o ‘outro’. É o ir sem esperar a volta.
Sem esperar se o outro tem vontade ou não de me perdoar. Meu coração tem que
assumir o comando. Meu coração é que tem que se libertar. Jesus salienta uma
condição: ‘perdoar a seu irmão’. Não existe o perdão isolado. De nada adianta
pedir perdão a Deus, sem antes acontecer o perdão ao irmão. É condição dizer:
‘Meu irmão, perdão’ para poder dizer: ‘meu Deus, perdão’. O perdão ao irmão é a
medida do perdão de Deus. Assim como nós perdoamos Deus nos perdoará, nos fala
o Pai-Nosso. Quem muito ama, muito perdoa. Quem tudo ama, tudo perdoa. – Deus
do perdão e da misericórdia, dá-me um coração generoso. Um coração de perdão.
Um coração cheio de amor que saiba perdoar sempre. Sem impor condições, como tu
não colocaste condições para nos amar. Simplesmente nos amaste. Que também te
ame e ame meu irmão no perdão e na Paz. Amém” (Wilson João
Sperandio – Graças a Deus [1995] – Vozes).
Pe. João Bosco Vieira Leite